Operação

Horário de verão é 'recomendável', mas ainda não 'imprescindível', diz ONS

Christiano Vieira, diretor de Operação do ONS
Para os próximos anos, análise sobre retorno do horário de verão vai depender de desempenho das chuvas nos reservatórios das hidrelétricas, segundo Christiano Vieira, diretor de Operação do ONS.

O retorno do horário de verão é uma medida recomendável e com “benefícios tangíveis” para o setor elétrico, mas, no horizonte atual, “não chega a ser imprescindível” para garantir a segurança da operação em 2025, segundo Christiano Vieira, diretor de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

A principal vantagem da medida, segundo Vieira, é a redução do acionamento de usinas termelétricas.

“Ele reduz o requisito de geração para atendimento à ponta de carga, porque você desloca o período diurno, então aquele período noturno que poderia ser atendido com termelétrica acaba sendo atendido por fonte fotovoltaica”, afirmou Vieira, em conversa com jornalistas ao participar do 1º Fórum Análise Setorial da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Com isso, além de alongar a rampa de carga e postergar a necessidade de potência, há uma redução no custo total da geração de energia.

A recomendação do ONS pelo retorno horário de verão tem sido feita desde o ano passado, em meio às mudanças nos perfis de carga e geração, com forte expansão da micro e minigeração distribuída (MMGD), que já ultrapassou 40 GW instalados no país.

“Talvez o maior desafio hoje seja acrescentar flexibilidade na operação”, a fim de acomodar a grande variabilidade das fontes renováveis, como a eólica e a solar, afirmou Vieira.

Segundo o diretor do ONS, ferramentas que agregam flexibilidade são fundamentais, como a resposta da demanda, que incentiva um deslocamento da carga dos horários que a energia é mais cara para horários em que a energia é mais barata.

Questionado sobre quando a necessidade do horário de verão será “imprescindivel”, Vieira explicou que a análise para os anos seguintes é mais complexa. A definição se a medida será ou não fundamental para o atendimento em 2026, por exemplo, dependerá de fatores conjunturais, como uma avaliação de qual vai ser a “qualidade” do próximo período úmido.

Cortes em renováveis são desafio crescente

Além da flexibilidade pelo lado da demanda, Vieira também abordou os cortes na geração de fontes renováveis, que tem crescido por restrições elétricas da rede de transmissão e pela lenta validação dos modelos de controladores das eólicas e solares.

Segundo ele, o processo é fundamental para que o ONS conheça a resposta dos equipamentos em detalhes e possa operar o sistema com menos necessidade de cortes. Essa validação se tornou necessária depois do blecaute de 15 de agosto de 2023, mas, até o momento, menos de 25% dos modelos foram validados.

Para mitigar o problema, além dos investimentos contínuos na rede , Vieira destacou o papel de soluções de armazenamento, como as baterias.