Comerc e Perfin lançam joint-venture que vai vender 'assinatura digital' de GD solar

Camila Maia

Autor

Camila Maia

Publicado

18/Fev/2021 12:05 BRT

Categoria

InovaçãoSolar

A Comerc Energia (controladora da MegaWhat) e a gestora de private equity Perfin estão lançando uma joint venture com o objetivo de capturar o potencial do mercado de varejo de geração distribuída por meio de verdadeiras "comunidades solares". Com uma plataforma virtual, a Sou Vagalume tem o objetivo de compartilhar os empreendimentos de geração solar fotovoltaica com mais de 150 mil pequenos e médios consumidores de Minas Gerais já mapeados, que não contam com capital para investir nos equipamentos.

O diferencial da nova empresa é possibilitar o acesso à geração distribuída a esses consumidores "de varejo" por meio da tecnologia. A Mori, da Perfin, que já tem 181 MW picos de empreendimentos solares em operação em Minas Gerais, entra com parte desses ativos na nova empresa. Eles serão compartilhados com os novos consumidores por meio da infraestrutura virtual desenvolvida pela DOC88, subsidiária da Comerc.

Quando se fala em geração distribuída, o consumidor de energia pode se enquadrar em três formas: na geração de energia local (em um telhado solar, por exemplo), no autoconsumo remoto (quando a geração desse consumidor está em outra localidade, dentro da mesma área de concessão), ou na geração compartilhada remota (quando vários consumidores se unem por meio de consórcios ou cooperativas).

O autoconsumo remoto é adequado para consumidores de médio porte que tenham várias unidades de consumo sob um mesmo CNPJ, por exemplo, como uma rede de supermercados ou farmácias, e que ainda não possam migrar ao mercado livre. A Mori chegou a desenvolver projetos do tipo, mas os preços atualmente não são considerados mais tão competitivos, segundo Ralph Rosenberg, sócio-fundador da Perfin.

O foco da Sou Vagalume está na geração compartilhada remota, onde os sócios entendem que há uma margem maior a ser capturada. "O estratégico disso é que você otimiza investimentos, já que é uma usina de porte um pouco maior que seria no caso de autoconsumo. Você consegue diluir mais os custos fixos", explicou Josiane Palomino, que assumiu o comando da joint venture.

Consumidores de energia que, de outra forma, não teriam recursos ou disponibilidade de investir nos próprios equipamentos, podem se associar à Sou Vagalume para capturar os benefícios da geração solar fotovoltaica: descontos na conta de luz.

A energia dos empreendimentos alocados na Sou Vagalume é totalmente injetada na rede, e transformada em desconto na conta de luz dos consumidores que se associarem aos consórcios (pessoas jurídicas) ou cooperativas (pessoas físicas). Por meio da plataforma virtual desenvolvida pela DOC88, os consumidores podem simular o desconto de acordo com o gasto mensal médio de energia, e optar por um dos planos oferecidos, que partem de 12 meses de adesão e vão até 60 meses.

Na prática, no período de adesão, o consumidor vai se associar a uma dessas essas entidades da Sou Vagalume, tendo direito a uma "cota" de acordo com seu valor de consumo. Em contrapartida, a companhia fica com uma parcela desse benefício. A assinatura do contrato é digital, por meio da plataforma da joint venture, o que também simplifica as adesões.

"Se o cliente fizesse um autoconsumo local, ele teria mais economia, até porque teria abatimento diretamente da energia gerada, e demandaria menos da rede. Se a autoprodução fosse retoma, talvez poderia obter tarifas ainda mais baixas. Mas, para tudo isso, o cliente precisa ter o recurso para investir, fazer a manutenção, ter disponibilidade de terreno. Isso tudo a Mori já fez", explicou Palomino.

A Sou Vagalume ficará com um pedaço desse benefício para remunerar o investimento, e parte será alocado no consumidor, na forma de desconto na conta de luz.

Inicialmente, a atuação da empresa ficará concentrada em Minas Gerais, já que a Mori tem uma carteira de ativos a disposição e já investiu mais de R$ 750 milhões nas 34 plantas. Segundo Rosenberg, a Mori deve investir em mais cerca de 100 MW neste ano, não mais em Minas Gerais mas também em outros estados. Esses ativos são da Mori, e parte deles serão alocados na joint-venture nesse momento inicial da companhia.

"O plano de expansão envolve atuarmos em outros estados e áreas de concessão. É mesmo uma questão de desenvolvimento das plantas solares, que hoje estão concentradas em Minas Gerais", disse Palomino.

A depender das mudanças na regulamentação da geração distribuída, os planos de expansão da companhia podem ser alterados, mas a Mori já conta com uma carteira grande de projetos operacionais e em construção. "Não entendemos que inviabilizar a geração distribuída seja um desejo do governo, não acredito que isso vá acontecer, o que é muito bom para todos porque há a possibilidade dos consumidores buscarem economia", disse Palomino.