Leilão de reserva de capacidade dará tranquilidade ao SIN em meio a ondas de calor, diz Silveira

Poliana Souto

Autor

Poliana Souto

Publicado

17/Nov/2023 14:06 BRT

O Ministério de Mina e Energia (MME) está em fase de planejamento de um leilão de reserva de capacidade de térmica para atendimento na ponta em 2024. Em entrevista à GloboNews, o ministro da pasta, Alexandre Silveira, destacou que o certame deve trazer mais tranquilidade e segurança energética ao Sistema Interligado Nacional (SIN), em meio às ondas de calor.

A MegaWhat apurou que o estudo envolve dois produtos e dadas as fases necessárias para regulamentação, a expectativa é que o leilão ocorra próximo a junho.

“Estamos na fase de planejamento para fazermos leilões de reserva de capacidade de térmicas na ponta, para que no próximo ano, a gente entre com essa tranquilidade energética do ponto de vista da carga, mas também com a segurança na ponta”, disse o ministro.

Segundo Silveira, a decisão é motivada pela falta de investimento em hidrelétricas, considerada por ele como “o pulmão do setor elétrico”, nos últimos dez anos. Para o ministro, apesar de o país viver em um momento de reservatórios cheios, é necessário garantir a segurança do sistema, que tem batido recordes de demanda máxima da carga, sendo a mais recente, próxima a 102 GW.

>> Curva da carga supera 100 GW na tarde desta segunda e bate recorde no SIN. 

“O Brasil vive um momento muito auspicioso na questão da geração de energia. Precisamos de energia de reserva ou firme, que vem das nossas hidrelétricas e das térmicas. Principalmente as térmicas, que atendem na ponta, por isso trabalhamos firmemente este ano para fazer esse equilíbrio de segurança energética e modicidade tarifária. Chegamos ao final do ano mantendo nossos reservatórios cheios, por isso não temos risco de racionamento e de falta de energia”, afirmou Silveira.

Importação de energia 

Além do acionamento de térmicas, o ministro informou na noite desta quinta-feira, 16 de novembro, em entrevista à CNN, que o Brasil aumentou sua importação de energia elétrica da Argentina, saindo dos 0,005% da semana passada para 0,46% na terça-feira (14). Segundo Silveira, a medida também foi tomada na quarta e quinta-feira, e há previsões de que continue nesta sexta-feira, 17 de novembro.

Cerca de 800 MW chegam ao SIN em horários de pico, o que diminui a necessidade de ligar termelétricas movidas a carvão, reduzindo custos, ao mesmo tempo que ajuda a assegurar o sistema, mas o ministro reforçou que não existem “problemas de energia no país”.

Silveira ainda destacou que se reuniu com o Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) para tomar medidas preventivas.

“Nós estamos em um pico de carga nesse calor de 100 GW, mais ou menos. Eu determinei à Empresa de Planejamento Energético [EPE] que apresente rapidamente um estudo sobre a potência contratada, as térmicas que temos no Brasil, como elas estão regionalizadas e como respondem às cargas, já que temos os problemas climáticos se agravando. Temos que nos antever. Estamos muito atentos. Não podemos cometer nenhum erro no setor elétrico”, afirmou Silveira.

Horário de verão 

O ministro também defendeu o retorno do horário de verão, destacando os benefícios, não só para o setor de energia, mas também para a economia.

“Eu vejo que o horário de verão deve ser desatrelado na questão exclusivamente energética, [porém] ele tem outras repercussões. Eu tenho me reunido com diferentes áreas da economia, [e vi dados que demostram] que no período de horário de verão existe um impulso econômico em alguns setores. Então, eu tenho defendido junto aos ministérios [do Desenvolvimento, Indústria, Comercio e Serviços] MDIC e da Economia, que a gente possa olhar o horário de verão de uma forma mais holística, mais ampla. É importante para o Brasil, mesmo com um momento de segurança energética como hoje”, disse Silveira.

Combustíveis 

Ainda na entrevista, Silveira afirmou que o governo deve “cobrar” uma redução nos preços dos combustíveis da Petrobras, frente à queda do preço do petróleo no mercado internacional. Citando cálculos feitos pelo governo, o ministro destacou que seria possível reduzir o diesel entre R$ 0,32 e R$ 0,42 por litro, e a gasolina entre R$ 0,10 e R$ 0,12.

“Fiz uma manifestação à Casa Civil. É importante, respeitando a governança da Petrobras, respeitando a sua natureza jurídica. Mas já está na hora de puxarmos a orelha de novo da Petrobras, para que ela volte à mesa e possa colocar com clareza. O último aumento que a Petrobras fez foi há 30 dias”

De acordo com o ministro, no momento o brent estava em US$ 92 por barril. Agora, o brent está em torno de US$ 78, o que demandaria uma redução de preços por parte da estatal, em especial, do óleo diesel, “que impacta diretamente a inflação porque é o grande condutor, o grande impulsionar da economia é o transporte”.