State Grid avalia opções de financiamento e não descarta antecipar obra de linhão

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Camila Maia
Poliana Souto
Camila Maia e Poliana Souto

Publicado

15/Dez/2023 17:35 BRT

Depois de levar um lote envolvendo cerca de R$ 18 bilhões em investimentos com deságio de quase 40%, a chinesa State Grid avalia as alternativas de financiamento para a construção do Bipolo Graça Aranha - Silvania Aranha, de 1.468 km de extensão em corrente contínua, e não descarta antecipar o fim das obras, cujo prazo máximo é de 72 meses.

"Nós trabalhamos com a possibilidade de antecipação. A princípio, o prazo é factível, acreditamos nisso, mas pensamos sim em algum tipo de antecipação", disse Ramon Haddad, vice-presidente na State Grid Brazil Holding, em entrevista coletiva concedida depois do certame.

O bipolo arrematado pela State Grid atravessa os estados Maranhão, Tocantins e Goiás e é essencial na solução estrutural para aumentar a capacidade da interligação entre os submercados Nordeste e Centro/Oeste, permitindo ampliar o escoamento das renováveis do Nordeste ao restante do país. Com isso, será viabilizado um incremento na geração renovável do país nos próximos anos.

Para aumentar a competitividade do certame, a Aneel ofereceu o lote 1 de forma integral ou dividido em quatro sublotes. A State Grid deu o lance mais competitivo pelo lote inteiro, ao oferecer uma receita anual permitida (RAP) de R$ 1,9 bilhão, deságio de 39,9% em comparação com o teto do edital, de R$ 3,2 bilhões.

Esse será o terceiro bipolo que usa corrente contínua, também conhecida como HVDC, na sigla em inglês, que a State Grid vai operar no Brasil. A chinesa também é dona de dois linhões que escoam energia gerada em Belo Monte, no rio Xingu (PA), ao Sudeste do país.

Como o investimento é expressivo, Haddad disse que a companhia avalia vários formatos de financiamento, incluindo recebimento de injeção de capital da holding chinesa ou a entrada de sócios no empreendimento.

Em relação aos fornecedores de máquinas e equipamentos, a State Grid já tem conversas avançadas e acordos prévios fechados. "Seria impossível participar de um leilão dessa natureza sem a certeza de que é viável do ponto de vista econômico. A solução é mista, vamos usar mercado brasileiro, internacional, tecnologia de ponta. O deságio foi alto, e temos que trabalhar com bastante responsabilidade e achar a melhor solução", disse.