De olho no processo de abertura do mercado de energia brasileiro, a Risk3 iniciou este mês suas operações, a partir de uma plataforma digital de análise de risco de crédito baseada em inteligência artificial e conhecimento especializado. O objetivo da companhia é tornar mais ágil e menos custoso o processo de avaliação de risco de crédito no mercado de energia elétrica.
“A ferramenta vem para apoiar os agentes em um momento em que várias empresas estão pensando em mudar do mercado regulado para o livre, e através de contratos mais longos. Esse movimento representa oportunidades muito interessantes para geradores e comercializadoras. Sem falar na atuação dos comercializadores varejistas e a chegada dos derivativos”, afirmou Paulo Mayon, cofundador e curador em risco de crédito da Risk3.
Com o processo de abertura do mercado – por meio da portaria do Ministério de Minas e Energia 514/2018, que implementou a redução contínua e gradual dos requisitos para unidades consumidoras se tornarem livres, e o projeto de lei 414/2021, que pode levar a abertura do mercado até os consumidores residenciais no meio desta década – um universo de pequenas e médias e empresas deve acessar o mercado livre de energia, o que demandará maior inteligência por parte de comercializadoras e geradoras com relação ao risco de crédito dessas companhias.
“Nosso processo está muito antenado com o momento que estamos vivendo”, disse Marcos Leone Filho, cofundador e curador de inteligência artificial e mineração de dados da Risk 3
Na prática, o modelo da Risk3 utiliza inteligência artificial com supervisão humana. A tecnologia permite reduzir de forma significativa o tempo do processo de análise de risco de crédito. Mayon destaca que os principais benefícios são a padronização, a extensão do alcance dos atributos buscados para a análise e a transformação do que é qualitativo em métricas objetivas. “A intervenção humana contribui no ciclo de aprendizagem dos robots”, acrescentou o especialista.
De acordo com a companhia, o trabalho de análise de risco de crédito que, em geral, duraria mais de seis horas, caso fosse feito apenas por pessoas, transforma-se em uma pequena fração desse tempo, a partir da tecnologia. E, dependendo do material que está sendo analisado, a duração de todo o processo pode estar ao alcance de um clique.
Além da abertura do mercado de energia, outro tema importante que demandará análise de risco de crédito é a proposta de segurança do mercado livre, em discussão pela Agência Nacional de Energia Elétrica e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). No início de 2019, pelo menos duas comercializadoras não conseguiram honrar com seus compromissos com o mercado de energia, provocando uma exposição da ordem de R$ 200 milhões no mercado. O episódio demandou melhorias na governança do mercado livre de energia, debatidas até hoje.