CMSE limita despacho de termelétricas a CVU de R$ 1.000/MWh

Camila Maia

Autor

Camila Maia

Publicado

12/Jan/2022 21:43 BRT

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu limitar o despacho de termelétricas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) às usinas com Custo Variável Unitário (CVU) de até R$ 1.000/MWh. Na reunião dessa quarta-feira, 12 de janeiro, foi mantido ainda o teto de despacho de termelétricas de até 15 mil MW médios.

Em caso de "reconhecida necessidade sistêmica", como no caso de indisponibilidades forçadas de equipamentos, ou situações excecionais devidamente justificadas, poderão ser despachadas termelétricas com CVU até R$ 1.500/MWh.

O teto de R$ 1.000/MWh também foi determinado para o aceite de ofertas de geração de energia elétrica, nos termos da Portaria 17 do Ministério de Minas e Energia, de 22 de julho do ano passado. Foram aprovadas propostas limitadas a esse teto, não sendo aceitas ofertas acima desse valor ou em outros subsistemas além do Sudeste/Centro-Oeste.

Em nota, o CMSE explicou que esses valores tetos de CVU foram indicados a fim de priorizar a otimização energética a menores custos totais de operação. 

As medidas excepcionais para atendimento da carga, como o despacho de termelétricas fora da ordem de mérito, foram tomadas diante dos dados apresentados pelo ONS na reunião do CMSE. As chuvas recentes ajudaram a aumentar as afluências verificadas, com registro de valores acima da média histórica no Nordeste e Norte, mas o armazenamento no Sistema Interligado Nacional (SIN) ficou 0,9 ponto percentual abaixo do previsto.

As projeções futuras apontam para o pleno atendimento da demanda, tanto em termos de energia quanto de potência, sem a necessidade de uso da reserva operativa. Os números indicam que o armazenamento no Sudeste/Centro-Oeste estará em 47,1% em junho de 2022, 18 pontos percentuais acima do nível verificado em 30 de junho de 2021.

"Diante dos resultados apresentados, considerando a continuidade da recuperação dos armazenamentos de relevantes reservatórios de usinas hidrelétricas, as restrições relativas aos usos múltiplos da água e as incertezas intrínsecas associadas à evolução da estação chuvosa em 2022, o CMSE manifestou-se pela manutenção das medidas excepcionais para o atendimento à carga e a garantia do atendimento em 2022, cuja aplicação continuará a ser reavaliada periodicamente, em reuniões técnicas", diz a nota do CMSE.

O colegiado também tratou hoje, na primeira reunião do ano, dos dados de expansão de 2021. No ano passado, a geração elétrica centralizada cresceu em 7.562 MW, o maior valor nos últimos cinco anos e cerca de 2.500 MW maior que o previsto inicialmente para o ano.

Segundo o CMSE, isso mostra que os esforços implementados para antecipação de entrada em operação de empreendimentos surtiram o efeito desejado, e a capacidade adicional de geração já está contribuindo com atendimento do sistema.

A geração distribuída, por sua vez, atingiu 8.551 GW instalados em dezembro de 2021, passando a representar 5% de toda a capacidade instalada do país, que atingiu 190 GWE ao fim do ano passado.


(Atualizado em 19/01/2022, às 11h37)