O diretor de Transição Energética e Energias Renováveis, Maurício Tolmasquim, ressaltou a importância das linhas de transmissão para a transição energética no Brasil. Segundo o executivo, o momento de investir em uma estrutura robusta de transição é agora. “Aqui no Brasil ainda é possível investir [em transmissão]. Nos Estados Unidos, por exemplo, você tem várias ilhas. Acho que o Brasil deveria investir em transmissão como prioridade de transição energética”, disse o executivo nesta quinta-feira (22 de junho), durante o Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), no Rio de Janeiro.
De acordo com Tolmasquim, o país tem espaço para ampliar as linhas de transmissão e complementaridade entre as fontes em relação a regimes de vento, época seca e safra de cana. “Nossas hidrelétricas são as baterias do nosso sistema, e elas só funcionam se você tem linhas de transmissão que permitem estocar água quando há geração eólica e, quando não há eólica, você distribui a energia gerada onde precisa”, exemplificou.
Petrobras atrasada na descarbonização
Durante o painel no Enase, Tolmasquim reconheceu que a Petrobras está “chegando um pouco atrasada” e “correndo contra o tempo” na oferta energia limpa, mas destacou o objetivo da companhia para ampliar suas soluções de baixo carbono. Em conversa com jornalistas após o painel, o executivo adiantou que a companhia analisa projetos solares e eólicos onshore, tanto greenfield quanto a compra de ativos em operação.
Mesmo assim, o foco dos investimentos da companhia continuará a ser óleo e gás: “Ainda existirá esta demanda no mundo. E a Petrobras está muito bem colocada para atender essa demanda, porque o petróleo do pré-sal tem uma baixa emissão de carbono”, justificou. “Vamos ‘esverdear’ nossa produção, vamos investir em renováveis, mas sem matar a ‘galinha dos ovos de ouro’, que é a produção de petróleo”, declarou. Segundo o executivo, a Petrobras trabalha com uma estimativa de demanda diária de 60 milhões de barris de petróleo por dia para os próximos anos.
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Térmicas em análise
A jornalistas, Maurício Tolmasquim disse ainda que a Petrobras reavalia a sua participação em “algumas” termelétricas. “Não está descartada a possibilidade de sair de algumas térmicas obsoletas ou a óleo. Isso faz parte de uma política normal da empresa, de renovação de ativos”, disse o executivo.
Segundo ele, a térmica prevista no Polo Gaslub Itaboraí também estaria em análise. “Estamos avaliando se vale a pena ou não. Claro que, como está ao lado da UPGN [unidade de processamento], há uma vantagem grande”, avaliou.
Ele afastou a possibilidade de a Petrobras sair totalmente do negócio de geração térmica. “A gente não vai sair do mercado de termelétrica, porque somos produtores de gás e hoje elas ainda são ainda importantes para a segurança”. O executivo declarou que a maior parte das térmicas da Petrobras são flexíveis, acionadas apenas quando há necessidade.