EPE estuda licitação para mais um bipolo saindo do Nordeste entre 2025 e 2026

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Camila Maia
Poliana Souto
Camila Maia e Poliana Souto

Publicado

15/Dez/2023 18:03 BRT

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) espera concluir até outubro de 2024 os estudos para licitação de um novo bipolo de energia, que também deve escoar energia do Nordeste para outras regiões do país, mas que poderá usar novas tecnologias.

Segundo Thiago Prado, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o traçado da linha depende ainda da tecnologia que será usada.

"Esse que a gente contratou agora é uma tecnologia que chamamos de LCC. VSC é uma tecnologia mais nova, que está sendo empregada na Europa e nos Estados Unidos", explicou, em conversa com jornalistas depois de participar do leilão de transmissão realizado na manhã desta sexta-feira, 15 de dezembro, que contratou um bipolo de corrente contínua para reforçar a conexão entre o Nordeste e o Centro-Oeste do país.

Assim como a LCC, a VSC é uma tecnologia para linhões de corrente contínua (HVDC, na sigla em inglês), mais cara que a usada atualmente porque envolve cabos subterrâneos, por exemplo.

"Precisamos estudar melhor, porque se houver uma falha nessa linha precisamos entender qual o comportamento do sistema elétrico. Estamos justamente avaliando se essa nova tecnologia se adequa ao que estamos tentando fazer aqui", disse Prado.

Uma das possibilidades é que esse bipolo conecte o Nordeste com o Sul do Brasil, com mais de 3 mil km, a maior linha já instalada até hoje. "Esse é um dos cenários, mas não tem nada definido", disse.

"Esse bipolo seria para um leilão em 2025 ou 2026", explicou Prado, lembrando que os estudos ainda levarão quase um ano para serem concluídos.

Enquanto isso, a EPE continua com o cenário de dois leilões de transmissão por ano, envolvendo investimentos ainda em estudo pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Segurança nos leilões

Como são investimentos expressivos, a EPE também tem conversado com a cadeia de transmissão e de equipamentos, incluindo cabos e alumínios, construtores e epecistas. "Temos feito um trabalho para enxergar a viabilidade para que no momento do leilão a gente não se depare com um elemento que possa afetar negativamente o resultado", disse.

"A Aneel tem mais de 20 anos de experiencia na realização de leilões e cada um tem sua particularidade", disse Sandoval Feitosa, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Feitosa e os outros dois diretores da Aneel presentes no certame, Ricardo Tili e Hélvio Guerra, defenderam a segurança dos editais e os mecanismos introduzidos para barrar "aventureiros", como o que aconteceu no leilão de transmissão de junho, quando uma empresa desconhecida venceu dois lotes mas não chegou a ser habilitada, e os ativos ficaram com os segundos colocados.

No leilão de hoje, participaram as empresas já conhecidas no mundo de transmissão de energia no país Eletrobras, State Grid, Celeo Redes, Cymi, Acciona, um consórcio formado pela Alupar e a Perfin e um fundo do BTG Pactual. Desses, apenas a Acciona não opera ativos de transmissão no Brasil, mas é um grupo consolidado no setor de infraestrutura.

Confiantes para março

O próximo leilão de transmissão será em março e vai concluir o bloco iniciado em junho e que avançou hoje. O certame deve envolver quase R$ 20 bilhões em investimentos, divididos em 15 lotes e mais de 6,4 mil km em linhas de transmissão.

"Minha avaliação é que o leilão de março também será muito bem-sucedido", disse Ricardo Tili, que foi o relator do leilão de hoje.

Segundo Tili, uma indicação da competição do próximo leilão é a ausência de grandes players de transmissão do certame desta sexta-feira, e o fato de que em março a disputa envolverá apenas ativos de corrente alternada.

"Quando se fala de corrente alternada, tem mais empresas no mercado com capacidade de execução. Serão 15 lotes, e é possível diversificar para participação de outras empresas, será bem-sucedido, no padrão da Aneel e do leilão de junho", disse Tili. Em junho, o deságio médio foi de 51%.


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