Planejamento

Mudanças climáticas devem impactar todos os segmentos do setor elétrico, diz EPE

As mudanças climáticas terão repercussões sobre todas as fontes de geração elétrica, além de impactos sobre as redes de distribuição e alterar o perfil do consumo, conclui levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Arvore caída em São Paulo após tempestade, em 2023
Arvore caída em São Paulo após tempestade, em 2023 | Enel SP

As mudanças climáticas terão repercussões sobre todas as fontes de geração elétrica, além de impactos sobre as redes de distribuição e alterar o perfil do consumo, conclui levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

As perspectivas são de aumento na temperatura média em todo o país, com maior intensidade e frequência de extremos de temperaturas e de ondas de calor. Assim, a carga deve aumentar em função de maior demanda para refrigeração e climatização.

Deve haver mais chuvas na porção sul do país, a partir do sul de Minas Gerais, Mato Grosso e Espírito Santo. Na região Norte, Nordeste e norte de Minas Gerais a média de chuvas deve cair. Em todo o país, chuvas fortes e alagamentos devem ser mais frequentes, com destaque para a porção sul do país e Amazônia. Com a mudança de padrões pluviométricos, a geração hídrica deve ser impactada. As chuvas fortes também podem causar alagamentos, que podem prejudicar as estruturas das usinas.

Na geração eólica e solar, deve haver aumento na velocidade média dos ventos nas porções Norte, Centro-Oeste e Nordeste do país. Estas áreas também tendem a ter mais radiação solar.

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Até mesmo a geração térmica deve ser impactada, já que temperaturas mais altas do ar e da água reduzem a eficiência e a capacidade das plantas. Para usinas movidas a biomassa, é possível que a mudança nos padrões climáticos prejudique os recursos bioenergéticos.

O aumento na temperatura, rajadas de ventos e precipitações, além de queimadas e quedas de árvores representam riscos às estruturas de transmissão de energia. Também são esperadas reduções na eficiência dos equipamentos de geração e transmissão, além de impactos sobre a infraestrutura de fornecimento de toda a cadeia.

Resiliência

Apesar dos riscos, a EPE aponta vantagens do sistema brasileiro para a resiliência do setor. Pelas interconexões, o Sistema Interligado Nacional (SIN) possibilita a compensação dos efeitos da mudança climática e mais adaptação. A pluralidade de fontes de geração também oferece complementaridade, que possibilita a compensação entre as fontes em períodos de sazonalidade de cada uma.

O despacho centralizado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) é outra vantagem, assim como o sistema de transmissão “robusto e ramificado”, com alta confiabilidade. A EPE também considera que há reserva de recursos para geração de energia, que pode atender a carga em momentos de “eventos conjunturais extremos”.