ONS fala em perda do controle hidráulico da bacia do Paraná no 2º semestre e indica medidas

Natália Bezutti

Autor

Natália Bezutti

Publicado

27/Mai/2021 21:06 BRT

A bacia do rio Paraná, onde está localizada a hidrelétrica Porto Primavera (1.540 MW), teve a pior afluência dos últimos 50 anos no período de outubro de 2020 a maio 2021, quando é esperada uma maior precipitação em decorrência do período úmido – que começou tardiamente em 2020 e de forma antecipada neste ano, em março.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), durante reunião da Programação Mensal da Operação (PMO) realizada nesta quinta-feira, 27 de maio, a situação configura um risco de atendimento eletroenergético e aos usos múltiplos, dada as condições desfavoráveis de armazenamento.

Por isso, o ONS elencou medidas que serão aplicadas para permitir a manutenção da governabilidade hidráulica de reservatórios da bacia em questão até novembro. Entre elas está a redução das defluências mínimas no Baixo Paraná, com operação abaixo da cota mínima em Ilha Solteira (3.444 MW) e Três Irmãos (807,5 MW), e o uso de todos os recursos armazenados nas bacias do rio Grande e do Paranaíba.

Os dois últimos possuem hidrelétricas importantes com reservatórios, como a de Marimbondo (1.440 MW), Água Vermelha (1.396,2 MW), Emborcação (1.192 MW), Itumbiara (2.082 MW) e São Simão (1.710 MW).

Geração e intercâmbio

Considerando a importância dos reservatórios do submercado Sudeste/Centro-Oeste e as chuvas abaixo da média em suas principais bacias, a geração hidráulica no ficou próxima ao observado no mês de abril e em patamares relativamente baixos em comparação com anos anteriores.

Nesse sentido, o Sudeste tem sido importador de energia do submercado Norte e Nordeste, buscando preservar os armazenamentos para o período mais seco. O reservatório do subsistema está em situação 22,6% menor quando comparado com maio do ano passado.

Da mesma forma, houve redução da geração no Sul, que também segue como importador de energia e tem o nível de reservatório 39,6% maior ao comparar com o mesmo período do ano passado.

No Nordeste, a geração eólica apresentou patamares elevados em comparação com o mesmo período de anos anteriores e deve entrar no período do ano com ventos mais intensos e regulares, alternando por vezes como importador, outras como exportador. Para se ter uma ideia, o Nordeste registrou em 26 de maio o primeiro recorde de geração eólica instantânea (pico). Os ventos chegaram a gerar 10.612 MW, às 08h59, representando 94,2% da demanda de carga de toda a região.

Apesar de a geração hidráulica apresentar recessão no Norte, por conta dos acumulados de chuva mais discretos e comuns neste período do ano, o submercado segue como franco exportador de energia.