Em discursos no primeiro dia da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o engajamento de países, sobretudo os mais ricos, nas metas de descarbonização do planeta e disse que o Brasil quer liderar pelo exemplo nas medidas para transição energética.
Os discursos ocorreram nesta sexta-feira, 1º de dezembro, na sessão de abertura da Presidência e na Primeira Sessão do Segmento de Alto Nível para Chefes de Estado da COP28.
Na avaliação do presidente, há um “problema coletivo de inação e de falta de ambição”, pois as contribuições nacionalmente determinadas (NDCs, na sigla em inglês) não estão sendo implementadas no ritmo necessário para seu cumprimento. “E, mesmo que estivessem, não conseguiriam manter a temperatura abaixo do limite de um grau e meio”, disse Lula.
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O presidente reforçou o compromisso do Brasil de zerar o desmatamento até 2030, mas ponderou que apenas 10% das emissões globais têm como fonte a derrubada de florestas. “Mesmo que não derrubemos mais nenhuma árvore, a Amazônia poderá atingir seu ponto de não-retorno se outros países não fizerem sua parte. Os setores de energia, indústria e transporte emitem muitos gases do efeito estufa”, disse. Lula defende o uso de energias renováveis e “uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”.
Além disso, Lula propõe redobrar os esforços de descarbonização até 2025, quando será realizada a COP30 em Belém, no Pará. “Nos dois anos até a COP30, será necessário redobrar os esforços para implementar as NDCs que assumimos. E, em Belém, precisamos anunciar NDCs mais ousadas e garantir os meios de implementação necessários para concretizá-las”.
Crítica ao descumprimento de acordos para transição energética
O presidente também cobrou o cumprimento de acordos de financiamento e transferência de tecnologia feitos por países ricos para apoiar a transição energética nos países em desenvolvimento. Em sua avaliação, a atual situação contraria a justiça climática.
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“É inaceitável que a promessa de 100 bilhões de dólares por ano assumida pelos países desenvolvidos não saia do papel enquanto, só em 2021, os gastos militares chegaram a 2 trilhões e 200 bilhões de dólares. O não cumprimento dos compromissos assumidos corrói a credibilidade do regime. É preciso resgatar a crença no multilateralismo”.