A capacidade de geração renovável do mundo cresceu em 473 GW em 2023 e representou 87% do total adicionado no período, acima dos 295 GW construídos em 22, mas ainda abaixo do total necessário para que as metas acordadas na 28ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28) no fim do ano passado, que incluem triplicar a capacidade de renováveis do mundo até 2030.
Os números foram divulgados pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), que estima que deve ser necessário adicionar 1.100 GW por ano até 2030 para que a meta seja atingida. Para isso, devem ser necessários investimentos da ordem de US$ 1,5 trilhão por ano, em média, entre 2024 e 2030. Em 2023, os investimentos somaram US$ 570 bilhões.
Segundo Fracesco La Camera, diretor-geral da Irena, os valores parecem expressivos, mas representam menos de 3% da liquidez total disponível no mundo, da ordem de US$ 150 trilhões.
“Precisamos estar prontos para encontrar formas de fazer esse dinheiro chegar. Se tivermos um plano claro para que as instituições multilaterais financeiras possam ajudar no fortalecimento da infraestrutura, tenho certeza que o dinheiro vai chegar”, disse La Camera, depois de participar do Berlin Energy Transition Dialoge (BETD), que aconteceu nos dias 19 e 20 de março em Berlim, Alemanha.
As metas acordadas na COP29 envolvem construir 7.200 GW em capacidade renovável até 2030, a fim de atingir 11 mil GW.
As projeções da Irena indicam que as metas não serão atingidas sem interferência política. Os países membros do G20 precisam passar de menos de 3 TW em capacidade renovável para 9,4 TW até 2030, o que representa mais de 80% do total a ser adicionado no mundo.
“Os países do G20 somam mais de 80% das emissões de gás carbônico do mundo, então eles precisam começar a redução”, disse La Camera.
Em 2023, China, Estados Unidos e União Europeia representaram 83% da capacidade renovável adicionada. Dos 473 GW, 73% foram da fonte solar fotovoltaica.
As economias emergentes e em desenvolvimento, por sua vez, somaram cerca de metade dos US$ 2 trilhões investidos em 2023. Excluindo a China, porém, o grupo respondeu por 14% do total. Sem Brasil e Índia, o percentual cai para 10% dos investimentos globais.
*A repórter viajou como media fellow a convite do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha, por meio do Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) e da Federação Alemã de Energia Renovável (BEE).