Após a venda de uma carteira de cinco projetos de geração solar à Engie, a Atlas Renewable seguirá investindo em seus ativos no Brasil, onde continua com dois parques solares fotovoltaicos operacionais, com 550 MW, e outros dois em construção, que vão acrescentar mais 1,3 GW ao seu portfólio.
“Nesse momento, houve a oportunidade de colocar os cinco projetos em reais num pacote só pelo interesse do comprador”, explicou à MegaWhat Fábio Bortoluzo, country manager da Atlas Renewable Energy no Brasil. Segundo ele, os ativos operacionais restantes têm contratos de compra de energia (PPA, na sigla em inglês) em dólar, mas não necessariamente isso é uma obrigação para novos investimentos.
A companhia ficou com o parque solar Jacarandá, de 187 MW de potência, em Juazeiro, na Bahia, e com o parque Casablanca, em Pirapora, em Minas Gerais, de 358 MW de potência.
“A venda não era vital para viabilizar novos investimentos, porque o compromisso do acionista é em investir nos projetos em construção e nos próximos, mas apareceu como uma opção e para reforçar o investimento no Brasil”, disse Bortoluzo.
Actis, GIP e Engie
Os ativos restantes representam aproximadamente metade do portfólio operacional que a Atlas tinha no Brasil, depois que a empresa fechou a venda de cinco usinas de energia solar – Juazeiro, São Pedro, Sol do Futuro, Sertão Solar e Lar do Sol – somando 545 MW à Engie, por cerca de R$ 3,24 bilhões.
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O montante está dividido entre o preço de até R$ 2,269 bilhões, a ser pago ao GIP Helios II, fundo que detém a Atlas, além de R$ 971 milhões em dívidas que serão assumidas pelo novo dono. O banco Santander assessorou a transação do lado da Engie, enquanto o BTG Pactual ficou com o GIP.
A Atlas foi fundada pela gestora de private equity Actis em 2017, com o objetivo ser o braço de energia solar fotovoltaica no Brasil e em outros países da América Latina. Em outubro do ano passado, a Actis vendeu a operação ao Global Infraestructure Partners (GIP), dono do do GIP Helios II.
Na ocasião, não foram informados valores da transação, mas reportagem da Bloomberg disse que o GIP tinha avaliado a Atlas em cerca de US$ 2 bilhões. Além dos 1,1 GW em operação no Brasil, a empresa tinha ainda ativos no Chile, México e Uruguai, chegando a um total de 2,3 GW.
Novos investimentos
A decisão de venda, segundo Bortoluzo, apareceu por uma questão de “oportunidade” depois que o GIP assumiu a empresa.
A Atlas está avançando na construção de dois projetos em construção: Boa Sorte, com 438 MW, e Vista Alegre, com 902 MW, ambos em Minas Gerais e com a energia negociada em PPAs em dólar com a Albras Alumínio Brasileiro e direito ao desconto pelo uso da rede.
Embora a carteira remanescente da Atlas no Brasil seja de contratos em dólar, Bortoluzo disse que a companhia pode fazer novos PPAs também em reais para viabilizar projetos da sua carteira.
“Estamos com tratativas iniciais comerciais avançadas para iniciar a construção de um projeto de solar ano que vem”, disse o executivo, que não podia dar mais informações, já que não há contrato assinado. A empresa também avalia investir em projetos de geração eólica, a depender de oportunidades.
Segundo Bortoluzo, a transação anunciada hoje foi importante para reforçar a profundidade do mercado brasileiro para dar mais conforto de que a estratégia de investir no Brasil faz sentido. “Eles estão satisfeitos, vão olhar outras oportunidades”, completou.