Transição energética ainda demandará US$ 35 trilhões em investimentos até 2030

Poliana Souto

Autor

Poliana Souto

Publicado

30/Mar/2023 11:01 BRT

A atual crise energética global está colocando em check a transição energética, sendo necessários US$ 35 trilhões em investimentos que priorizem a eficiência, a eletrificação, a expansão e flexibilidade da rede, afirmou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês), Francesco La Camera, durante sua apresentação no Berlin Energy Transition Dialogue (BETD).

Conforme o relatório da Irena, houve progresso, principalmente no setor de energia, onde as energias renováveis representam 40% da geração de energia instalada globalmente, chegando aos US$ 1,3 trilhão em investimentos em 2022. Entretanto, o aumento do uso de combustíveis fósseis por alguns países, principalmente após a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, pode ter atrasado o cumprimento das metas climáticas. 

“Quaisquer novas decisões de investimento devem ser cuidadosamente avaliadas para conduzir simultaneamente a transição e reduzir o risco de ativos ociosos. Cerca de 41% dos aportes planejados até 2050 seguem sendo direcionados aos combustíveis fósseis. Cerca de US$ 1 trilhão de investimento anual planejado em combustíveis fósseis até 2030 deve ser redirecionado para tecnologias de transição e infraestrutura para que se alcance a meta de 1,5º C”, diz o relatório.

Na avaliação de La Camera, para se alcançar objetivos climáticos globais, é necessária a implantação de 10 GW em renováveis até 2030. Para isso, o documento da Irena defende três pilares principais, sendo eles: a infraestrutura física de projetos, facilitadores políticos e regulatórios e a força de trabalho qualificada. 

Além disso, o executivo destaca que uma contribuição internacional é necessária, visto que a implantação dessas fontes é limitada a certas partes do mundo, com destaque para a China, União Europeia e Estados Unidos, responsáveis por dois terços de todas as adições no ano passado, o que deixou os países em desenvolvimento “ainda mais para trás”.

Outro ponto defendido por La Camera é o direcionamento de investimentos públicos nos países de forma mais equitativa. Em 2022, 85% dos aportes globais em energia renovável beneficiou menos de 50% da população mundial, conforme relatório da Irena.

“As apostas não poderiam ser maiores. Uma transformação profunda e sistêmica do sistema energético global deve ocorrer em menos de 30 anos, ressaltando a necessidade de uma nova abordagem para acelerar a transição energética. A busca por combustíveis fósseis e medidas de mitigação setorial são necessárias, mas insuficientes para mudar para um sistema de energia adequado para o domínio das energias renováveis”, afirma o executivo.