ONS propõe flexibilizar limites de intercâmbio para combater crise hídrica, diz Ciocchi

Natália Bezutti

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Natália Bezutti

Publicado

26/Jul/2021 20:03 BRT

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O Operador Nacional do Sistema (ONS) apresentou na última sexta-feira, 26 de julho, ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), proposta para flexibilização dos limites de intercâmbio do critério N-2 para N-1, como forma de permitir um maior escoamento do sistema de transmissão e, consequentemente, de disponibilidade de energia entre os submercados.

“São escolhas e, às vezes escolhas mais difíceis, de um risco associado a um benefício. Neste momento, estamos vendo que o benefício é muito maior do que o risco que a gente pode correr”, disse Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, durante o evento Safra dos Ventos, realizado pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) nesta segunda-feira.

Segundo Ciocchi, os estudos já foram feitos e apresentados. Nesta segunda, uma reunião mais técnica está sendo realizada com outras entidades do setor para avaliar como a medida pode ser “calibrada” e, caso tenha continuidade, como será dada a publicidade da mudança.

O critério N-1 de confiabilidade é adotado de forma geral no Sistema Interligado Nacional (SIN), mas alguns pontos do sistema, especialmente os principais troncos de transmissão, usam critérios de confiabilidade mais restritivos. Isso acontece pois o operador considera que o benefício do investimento adicional em confiabilidade é superior ao impacto socioeconômico causado por uma eventual falha múltipla no suprimento. Segundo Ciocchi, com o critério N-1, há uma “sobra” para o limite de transmissão.

A mudança, se aprovada, vai aumentar o limite de importação de energia pelo submercado Sudeste/Centro-Oeste do Norte e do Nordeste, contribuindo para reduzir o deplecionamento dos reservatórios das hidrelétricas da região em meio à grave crise hídrica enfrentada no país.

O diretor-geral do ONS criticou ainda a decisão estratégica tomada de não construir mais hidrelétricas com reservatórios no país, como é o caso da usina de Belo Monte, no rio Xingu (PA). “Eu acredito que precisamos rever essa estratégia. Colou-se uma tarja preta, um carimbo, que reservatório é uma coisa horrível para o meio ambiente, e acho que não é”, disse. Ele completou que não defende a construção de reservatórios “enormes” para pouca produção de energia. “Mas, com controle, engenharia e bons métodos de mitigação, acho que a gente tem que pensar nisso”, disse.