Planejamento

ONS prevê R$ 49 bi em investimentos em transmissão para escoamento de geração até 2028

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que serão feitos investimentos de R$ 49 bilhões em transmissão de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) no ciclo 2024 a 2028, a fim de escoar o expressivo crescimento da capacidade de geração eólica e solar do país, que deve sair dos atuais 38 GW para 54 GW em dezembro de 2027.

ONS prevê R$ 49 bi em investimentos em transmissão para escoamento de geração até 2028

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que serão feitos investimentos de R$ 49 bilhões em transmissão de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) no ciclo 2024 a 2028, a fim de escoar o expressivo crescimento da capacidade de geração eólica e solar do país, que deve sair dos atuais 38 GW para 54 GW em dezembro de 2027.

As projeções constam no sumário executivo do Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN de 2023, que abrange o horizonte de 2024 a 2028. O documento foi apresentado na semana passada, em 20 de dezembro, e divulgado ao mercado nesta quinta-feira, 28 de dezembro.

Apesar de elevados, os investimentos previstos pelo ONS são 20% menores que os projetados no ciclo anterior, quando se esperava R$ 60,7 bilhões em novos recursos empregados em transmissão no ciclo de 2023 a 2027.

Os investimentos previstos se dividem entre R$ 4,9 bilhões para novas obras e R$ 44,1 bilhões para projetos de ciclos anteriores, mas ainda sem outorga. Neste segundo grupo, estão, por exemplo, R$ 21,7 bilhões em linhas de transmissão e novas subestações, leiloados em 15 de dezembro de 2023.

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Desafios das renováveis

O PAR/PEL 2023 analisou os desafios das fontes renováveis variáveis e a importância crescente da transmissão nesse contexto. O crescimento esperado da eólica e solar, até 54 GW em 2027, não contempla a expansão da micro e minigeração distribuída (MMGD), modalidade que deve atingir 40 GW de potência instalada nesse prazo.

Com o aumento dessas fontes não despacháveis, a variação da carga líquida ao longo do dia será ainda maior que a vista hoje, exigindo mais flexibilidade na capacidade de responder às variações de forma rápida e efetiva.

Como a fonte solar fotovoltaica “sai” do sistema no fim do dia, mas a carga continua em um patamar elevado, é necessário acionar outras fontes despacháveis que garantem o abastecimento de energia, incluindo hidrelétricas e termelétricas. Em janeiro de 2024, o ONS projeta uma rampa de 25 GW para atendimento da carga, montante que deve dobrar em 2028, chegando a 50 GW de rampa.

Critérios para acesso à rede

O ONS apontou ainda que a carga prevista para os próximos anos não é suficiente para toda a expansão contratada, o que releva oportunidades de investimentos em eletrificação da indústria, no uso de armazenamento para operar como carga nos períodos de maior oferta, além de ajustes em parâmetros da metodologia atual de tarifação do uso da rede, para implantação ótima de novas cargas ou usinas. 

Serão também necessárias novas usinas de acionamento rápido, fortalecimento da rede de transmissão, e uso da resposta da demanda para lidar com a variabilidade da geração.

Até 2028, o PAR/PEL identificou 44,29 GW em novos projetos de fontes renováveis com contrato de uso do sistema de transmissão (Cust) assinados, que, somados aos 37,89 GW em operação atualmente, chegarão em 82,18 GW. 

Se forem considerados projetos com Cust e Parecer de Acesso Viável, o montante vai para 56,57 GW, somando 94,46 GW.

Para isso, será preciso alterar o critério vigente para acesso à rede, que é cronológico, pela ordem de chegada. O ONS lembrou da proposta de que sejam realizados processos competitivos pelo acesso à margem de escoamento, por meio de leilões específicos e periódicos.