Óleo e Gás

Atividade exploratória de óleo e gás segue abaixo do nível pré-covid no Brasil

O Brasil deve encerrar o ano com um pequeno aumento do número de poços exploratórios perfurados na comparação com 2021, porém ainda abaixo do patamar pré-pandemia de covid-19. Considerando apenas a atividade marítima, no entanto, o total de poços de exploração perfurados este ano é inferior ao contabilizado no ano passado, de acordo com dados levantados pela Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A atividade exploratória é um importante indicador da perspectiva de manutenção ou crescimento das reservas de

Atividade exploratória de óleo e gás segue abaixo do nível pré-covid no Brasil

O Brasil deve encerrar o ano com um pequeno aumento do número de poços exploratórios perfurados na comparação com 2021, porém ainda abaixo do patamar pré-pandemia de covid-19. Considerando apenas a atividade marítima, no entanto, o total de poços de exploração perfurados este ano é inferior ao contabilizado no ano passado, de acordo com dados levantados pela Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A atividade exploratória é um importante indicador da perspectiva de manutenção ou crescimento das reservas de petróleo e gás natural de um país. Um aumento da produção petrolífera somada a uma queda da atividade exploratória indica uma tendência de diminuição de reservas em longo prazo.

Segundo dados da ANP registrados até 24 de novembro, foram perfurados 23 poços exploratórios no Brasil no acumulado deste ano, dos quais 13 tiveram notificação de descoberta de hidrocarbonetos. No ano passado, foram perfurados 22 poços exploratórios, com notificação de descoberta em 14 deles.

Os números, no entanto, ainda são menores do que aqueles registrados antes da pandemia de Covid-19 (em 2019, foram perfurados 27 poços exploratórios) e muito longe do recorde de 149 poços exploratórios perfurados em 2011.

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Considerando apenas a atividade offshore, foram perfurados apenas seis poços exploratórios este ano no Brasil, nenhum com notificação de descoberta. Em 2021, foram perfurados oito poços, com descobertas de óleo e gás em seis deles. Em 2019, também haviam sido perfurados oito poços, dos quais sete tiveram indicação de hidrocarbonetos.

Um experiente executivo do setor de óleo e gás natural que falou em condição de anonimato credita o baixo número de poços perfurados no mar este ano ao insucesso exploratório, sobretudo no pré-sal. “Isso é resultado dos poços frustrantes no pré-sal”, disse.

A queda da atividade exploratória é um dos temas de preocupação da indústria de óleo e gás natural brasileira e era um dos assuntos previstos para serem abordados em reunião de entidades do setor com o grupo de trabalho de Minas e Energia da equipe de transição de governo, na última quarta-feira, 7 de dezembro, no Rio de Janeiro.

Repetro

Para a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (Abespetro), a queda da atividade exploratória é um sinal preocupante para a indústria de petróleo e gás natural do país. A associação, que reúne 45 empresas, entende que o Brasil tem condições de se estabelecer como um hub internacional da indústria de petróleo e gás.

“O Brasil tem instrumentos para uma política industrial: programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, política de conteúdo local e sistema de compras públicas da Petrobras. Só é preciso calibrá-los”, diz Telmo Ghiorzi, secretário-executivo da Abespetro.

Entre as principais questões da indústria de óleo e gás, na visão da associação hoje estão os incentivos à transição energética, aprimorando a regulamentação do gás natural para ampliar o escoamento, transporte e distribuição do gás; a manutenção dos leilões de blocos petrolíferos; o incentivo a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I); a regulamentação do conteúdo local visando a estimular a criação de uma indústria nacional exportadora; e eliminar ameaças à existência do Repetro, regime tributário especial para o setor.

“A maioria dos projetos de óleo e gás do Brasil não teriam saído do papel sem o Repetro”, destaca o presidente da Abespetro, Rodrigo Ribeiro.

Margem Equatorial

Um dos principais desafios para a expansão da atividade exploratória brasileira é o desenvolvimento da indústria de óleo e gás natural na margem equatorial, região de nova fronteira promissora para a descoberta de petróleo e gás, mas que possui entraves no processo de licenciamento ambiental. A Petrobras prevê investir US$ 2,94 bilhões na exploração no local até 2027, incluindo a perfuração de 16 poços nesse período.

Para o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, a exploração na margem equatorial “é uma das grandes chances da história brasileira”.

Queda global

A queda da atividade exploratória é um fenômeno global. De acordo com a consultoria Rystad Energy, apenas 21 rodadas de licitação de blocos exploratórios foram realizadas no mundo até agosto deste ano (contra 42 rodadas em igual período de 2021), devendo chegar a 44 até o fim do ano – o nível mais baixo desde 2000. A área concedida para exploração e produção de óleo e gás globalmente foi de 320 mil km², o menor número em 20 anos.

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