Para preservar o meio ambiente

Biden proíbe novas perfurações de óleo e gás em áreas costeiras nos EUA

Decisão acontece a duas semanas de fim de mandato e deve ser de difícil reversão por Donald Trump

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, publicou ato em que proíbe novas atividades petrolíferas offshore no país | AP Photo/Evan Vucci

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, publicou ato executivo em que proíbe atividades de perfuração de óleo e gás em áreas costeiras e offshore dos Estados Unidos. A decisão também retira de oferta áreas que poderiam ir a leilão para atividades petrolíferas.

Com a mudança, regiões das costas leste e oeste do país, leste do Golfo do México e o mar de Bering (no norte do Alasca) não devem receber novas atividades de perfuração, enquanto novas áreas do Golfo do México, Atlântico e Pacífico não devem ser oferecidas em leilões para a indústria de óleo e gás.

“A perfuração nessas costas pode causar danos irreversíveis a lugares que prezamos e é desnecessária para atender às necessidades energéticas de nossa nação. Os riscos não valem a pena”, diz comunicado assinado por Biden, que também menciona ameaças relacionadas à crise climática e danos ambientais provocados por derramamento de petróleo. A decisão cita ainda a proteção à vida marinha e selvagem e o atendimento a pleitos de comunidades costeiras e populações indígenas do Alasca.

“Não precisamos escolher entre proteger o meio ambiente e fazer nossa economia crescer, ou entre manter nosso oceano saudável, nossos litorais resilientes e os alimentos que eles produzem seguros e manter os preços da energia baixos. Essas são escolhas falsas. Proteger as costas e o oceano da América é a coisa certa a fazer, e ajudará as comunidades e a economia a florescer para as gerações futuras”, diz o comunicado.

Difícil reversibilidade

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A decisão de Biden foi publicada nesta segunda-feira, 6 de janeiro, a poucos dias do fim de seu mandato como presidente dos Estados Unidos. Segundo a CNN norte-americana, o presidente eleito Donald Trump deve ter dificuldade em reverter o ato.

A decisão de Biden foi tomada com base em um princípio legal que dá ao presidente o poder de retirar áreas federais de futuros leilões e desenvolvimento petrolífero, mas o texto da lei não prevê que o ato possa ser revogado. Assim, uma revogação dependeria de uma mudança nesta regulação federal, com a aprovação do Congresso, antes de ser realizada.

Mesmo assim, segundo a CNN, Trump declarou nesta segunda-feira que irá reverter a decisão “imediatamente”.

Joe Biden deixará a presidência dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro, quando o presidente eleito Donald Trump tomará posse para seu segundo mandato. Em sua campanha de 2024, Trump prometeu aumentar a produção petrolífera para reduzir os preços de energia no país. Em seu primeiro mandato (2017-2021), ele também retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, alegando que as metas climáticas eram prejudiciais à economia norte-americana.

A questão energética é um dos temas em que Biden e Trump divergem. Biden recolocou os Estados Unidos no Acordo de Paris em seu primeiro dia como presidente, em 2021, e lançou planos para incentivar o desenvolvimento da economia verde e energia renovável, como o “Inflation Reduction Act”.

Outras atividades petrolíferas frustradas por questões ambientais

No Brasil, a proteção ao meio ambiente é uma das questões centrais no impasse relacionado às atividades exploratórias na Foz do Amazonas, na bacia da Margem Equatroial. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) avalia que a Petrobras não apresentou planos suficientemente consistentes para mitigar eventuais acidentes na região.  O Ministério Público Federal também avalia que o Plano de Proteção à Fauna apresentado pela estatal é insuficiente.

No Equador, em 2023, a população votou pelo fim das atividades petrolíferas no Parque Nacional Yasuní, na Amazônia equatoriana. Assim, determinou a suspensão gradativa, em até um ano, das atividades no bloco 43-ITT, responsável por aproximadamente 11% da produção de petróleo do país.