Exatamente duas semanas após realizar uma reunião seguida por uma entrevista coletiva em Brasília, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em que assegurou que a petroleira tinha autonomia para praticar os preços de combustíveis no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro indicou nesta sexta-feira, 19 de fevereiro, o general Joaquim Silva e Luna, atual diretor-geral da parte brasileira de Itaipu Binacional, para presidir a estatal petrolífera.
A MegaWhat apurou que Silva e Luna, que completará dois anos à frente de Itaipu no próximo domingo, 21 de fevereiro, pode ainda não ser avaliado pelo conselho de administração da Petrobras na próxima reunião do colegiado, nesta terça-feira, 23 de fevereiro. Segundo uma fonte com conhecimento do assunto, em tese, o conselho precisará de mais tempo para fazer análise de currículo e de conformidades da indicação.
Com isso, na prática, duas alternativas principais seriam Castello Branco permanecer no cargo até que o conselho avalie e aprove o nome do substituto ou o executivo renunciar à presidência da Petrobras. Nesse caso, é difícil prever quem seria o presidente interino, dado que há a possibilidade de toda a diretoria renunciar junto com Castello Branco. Até mesmo a renúncia de conselheiros não é descartada neste momento.
Controle de custos
A gestão de Silva e Luna em Itaipu foi marcada principalmente por um rigoroso controle de custos, que, já nos primeiro oito meses de administração, havia resultado em uma economia da ordem de R$ 600 milhões.
A redução de custos é um dos pilares da estratégia da atual gestão da Petrobras, presidida por Castello Branco. Outro pilar é a autonomia para a prática da política de preços de combustíveis, o que pode ser mais difícil de assegurar com a troca no comando da companhia.
Nos últimos anos, porém, os acionistas da Petrobras aprovaram uma série de mecanismos de governança que dão mais segurança para a petroleira contra a intervenção do governo. O estatuto, por exemplo, possui artigos que obrigam o governo a ressarcir a companhia em caso de prejuízos com a concessão de subsídios aos preços dos combustíveis.
Outro ponto em relação à política de preços dos combustíveis é o programa de venda de oito refinarias da Petrobras, cujo prazo de fechamento do negócio termina no fim deste ano, de acordo com compromisso firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Até o momento, porém, nenhuma refinaria foi vendida. O conselho de administração previa deliberar na próxima terça-feira sobre a venda da primeira unidade, a Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, para o fundo Mubadala, que fez a melhor oferta pelo negócio, no valor de US$ 1,65 bilhão.
Em nota ao mercado, a Petrobras confirmou ter recebido ofício do Ministério de Minas e Energia, solicitando providências a fim de convocar assembleia geral extraordinária, com o objetivo de promover a substituição e eleição de membro do conselho de administração, e indicando Silva e Luna, em substituição a Castello Branco. “Ademais, a União propõe, em função da última assembleia geral ordinária ter adotado o voto múltiplo, que todos os membros do conselho de administração sejam, imediatamente, reconduzidos na própria assembleia geral extraordinária, para cumprimento do restante dos respectivos mandatos”, completou a companhia.
O ofício do ministério também solicita que Silva e Luna seja, posteriormente, avaliado pelo conselho de administração da Petrobras para o cargo de presidente da empresa
“A Petrobras esclarece que o presidente Roberto Castello Branco e demais diretores executivos da empresa tem mandato vigente até o dia 20 de março de 2021”, acrescentou a petroleira.
*Atualizada às 21h14 para acrescentar nota ao mercado divulgada pela Petrobras.