O Brasil deve ampliar sua condição de exportador de petróleo nos próximos 10 anos, levando o país a um dos cinco maiores exportadores do mundo, de acordo com as projeções do caderno de derivados de petróleo do Plano Decenal de Expansão da Energia (PDE) 2030, publicado ontem pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A EPE estima que a produção nacional de petróleo deve saltar de 2,79 milhões de barris por dia em 2019 para 5,26 milhões de barris por dia em 2030. Com isso, as exportações, atualmente em 1,17 milhão de barris por dia, poderão chegar a 3,43 milhões de barris por dia ao fim da década. Segundo o PDE 2030, com esse volume expressivo, será elevada a importância e relevância do país no quadro geopolítico da indústria mundial do petróleo.
Em relação ao volume processado nas refinarias, a EPE estima um incremento menor, saindo de 1,75 milhão de b/d em 2019 para 1,94 milhão de b/d em 2030. Em termos de fator de utilização das refinarias, isso representa aumento de 75% para 83% em 10 anos.
A curva de produção nacional de derivados está sendo afetada pela pandemia de covid-19, mas a EPE espera que nos próximos anos, com a perspectiva de recuperação gradual da demanda, o fator de utilização das refinarias nacionais seja elevado. Assim, a produção também deve crescer.
Para o gás liquefeito de petróleo (GLP), a perspectiva é de que a produção saia de 27,2 mil m³/d em 2019 e chegue a 44,7 mil m³/d em 2030. Esse aumento deve ser causado, em grande parte, pela parcela de produção oriunda do processamento de gás natural. Assim, as importações líquidas de GLP devem se reduzir ao longo dos próximos 10 anos, alcançando autossuficiência no país em 2030.
Para a gasolina A, o aumento será menor, saindo de 69 mil m³/d para 71,3 mil m³/d. O aumento pequeno se deve ao fato de que as projeções do PDE 2030 indicam que a demanda doméstica por gasolina não vai retornar aos níveis de 2019 antes de 2030.
Para nafta, o aumento esperado é de 12,3 mil m³/d para 19 mil m³/d em 2030, por causa da elevação dos volumes de petróleo processados nas refinarias ao longo do período.
Outro destaque é a produção de óleo diesel A, que deve sair de 112,1 mil m³/d para 133,9 mil m³/d. A maior parte do crescimento deve se dar na primeira metade da década, devido ao maior processamento de petróleo nas refinarias.
Para o querosene de aviação, a expectativa é que saia de 16,6 mil m³/d em 2019 para 17,5 mil m³/d em 2020, mesmo depois da queda acentuada vista neste ano, acompanhando a evolução do consumo doméstico.
O PDE 2030 traz ainda uma trajetória alternativa, considerando investimentos adicionais na expansão da capacidade de refino do país. O cenário considera a ampliação da capacidade do 1º trem da RNEST de 115 mil barris por dia para 130 mil barris por dia, o início da operação do 2º trem da RNEST, a modernização de uma unidade de uma refinaria existente e expansões adicionais de pequeno porte.
Nesse cenário, a capacidade nominal de refino alcançaria 2,5 milhões b/d em 2030, ampliando o processamento de petróleo para 2,1 milhões b/d e reduzindo as exportações de óleo brasileiro para 3,3 milhões b/d. Haveria uma diminuição de 30% nas importações líquidas de derivados de petróleo em 2030 em comparação com o cenário de referência.
As projeções do PDE 2030 indicam também que alguns oleodutos de transporte de derivados poderão atingir a saturação ou ficar próximos das suas capacidades máximas no período de 10 anos, sendo necessário melhorar a eficiência operacional dos processos logísticos para evitar o desabastecimento em algumas regiões do país.