Óleo e Gás

Brasil discute passagem de gás natural de Vaca Muerta pelo Paraguai

Os encontros entre Brasil e Paraguai para tratar de questões envolvendo a usina de Itaipu superaram o setor elétrico e avançaram na possibilidade de uma interconexão entre os países para ampliar a oferta de gás natural. Em entrevista à EPBR após o evento Gás Week, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o governo paraguaiano quer explorar o envio de gás natural de Vaca Muerta, na Argentina, através do Paraguai até o Brasil.  

Brasil discute passagem de gás natural de Vaca Muerta pelo Paraguai

Os encontros entre Brasil e Paraguai para tratar de questões envolvendo a usina de Itaipu superaram o setor elétrico e avançaram na possibilidade de uma interconexão entre os países para ampliar a oferta de gás natural. Em entrevista à EPBR após o evento Gás Week, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o governo paraguaiano quer explorar o envio de gás natural de Vaca Muerta, na Argentina, através do Paraguai até o Brasil.  

“Há uma proposta do Paraguai para que se estude e se promova, inclusive com a participação do setor privado, uma leitura sobre os potenciais da produção de gás na região de Chaco [localizado entre Paraguai, Brasil, Argentina e Bolívia]. Além disso, também há uma possibilidade de ter um desvio para que o gás ao invés de chegar à Bolívia, [via Vaca Muerta], e entrar no Brasil, tenha uma outra rota. (…) O que nos pareceu algo extremamente viável num primeiro momento, mas é claro que é algo incipiente”, afirmou Silveira.

Nesta semana, em entrevista concedida depois de uma reunião no Paraguai para tratar dos impasses da hidrelétrica binacional, o ministro disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscar integrar o gás natural na América do Sul para aumentar a competitividade da região. No encontro de hoje, Silveira voltou a citar a vontade do mandatário brasileiro, reafirmando que o aumento da oferta de gás pode ajudar a industrializar o Brasil, além de ser fundamental para a transição energética, já que pode ser usado pelas térmicas em horários de pico, garantindo a segurança energética. 

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Segundo o ministro, a proposta de interconexão é benéfica para ambos os países, já que o Paraguai pode ganhar mais segurança energética, enquanto o Brasil pode interligar e aumentar sua infraestrutura nacional, levando o gasoduto até o Mato Grosso do Sul.

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“Nós sabemos, por exemplo, que no Mato Grosso do Sul precisamos retomar a produção de fertilizantes de uma fábrica da Petrobras, que investiu muito dinheiro e recurso no passado e não parou em decorrência de diversos fatores, incluindo a oferta de gás”, destacou Silveira.

O ministro criticou ainda a reinjeção de gás nos campos de exploração de petróleo e afirmou que “há uma política das petroleiras [brasileiras] de que o gás não é uma prioridade” , enquanto o governo tem pensado em diversas políticas de curto e médio prazo para aumentar a oferta de gás no país.

 “Sabemos que a reindustrialização do Brasil representa aumento do Produto Interno Bruto (PIB), aumento da arrecadação, alívio fiscal, ampliação da infraestrutura, emprego e renda para brasileiras e brasileiros. Vamos aproveitar melhor o gás natural que produzimos aqui. Não dá para ficar reinjetando a metade dessa riqueza tão preciosa para a nossa gente”, defendeu o ministro.

Comitê do monitoramento

Enquanto as conversas entre os países avançam, o Ministério de Minas e Energia anunciou a criação de um comitê de monitoramento para acompanhar a evolução das obras de gasodutos de escoamento e propor aprimoramento da regulação da rede de distribuição e distribuição. Segundo a pasta, a proposta visa promover “um verdadeiro choque de oferta”, com acesso à infraestrutura de escoamento, processamento e transportes, reduzindo custos para a indústria nacional.

“Vamos combater os abusos e remunerar de maneira justa as infraestruturas de escoamento e de processamento do gás, com uma regulação mais firme. Devemos considerar, sim, a depreciação e amortização dos ativos. Não dá para ficar pagando a vida toda por uma infraestrutura que já foi amortizada”, pontuou Alexandre Silveira.