O Brasil passa por uma crise de abastecimento de gás liquefeito de petróleo (GLP), também conhecido como gás de cozinha, afirmou o diplomata e ex-secretário-executivo da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Luís Fernando Panelli, nesta segunda-feira, 23 de maio. Segundo ele, esse cenário pode ter implicações para o processo eleitoral do segundo semestre.
“Cerca de 90% da população [brasileira] consome GLP. Estamos com problemas sérios de abastecimento. As pessoas voltaram a usar lenha e biomassa, e falta gás no mercado brasileiro”, afirmou Panelli, que também é especialista em energia, durante evento produzido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e transmitido via internet.
No encontro, Panelli defendeu a política de preços de combustíveis alinhada com o mercado internacional.
Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados poderá voltar projeto de lei complementar que estipula o teto de 17% para alíquota do ICMS para combustíveis e energia elétrica.
Presente ao evento, o ex-diretor-geral da ANP e presidente da Enauta, Décio Oddone, também disse que a prática de preços de mercado reduzem o risco de desabastecimento no país.
“A história mostra que essa vontade de controlar preços de combustíveis nunca funcionou. Este é mais um erro que vemos em todos os lugares. […] [Os países que tentaram controlar preços de combustíveis] nunca foram bem-sucedidos e trouxeram problemas crônicos para a economia”, disse o executivo.
“Como nós importamos o produto [diesel e gasolina], isso significa que o preço marginal do petróleo e dos derivados é o preço de importação, porque alguém precisa comprar ao preço da molécula para importar. Se o preço for incompatível com o preço de importação, não vai ter abastecimento”, completou Oddone, acrescentando que o estímulo à competição no mercado é que pode levar a uma redução de preços.
Procurada pela MegaWhat, a ANP não havia se manifestado até à publicação deste texto.