Com recursos disponíveis de R$ 2 bilhões, considerando o volume em caixa mais os recebíveis relativos às vendas de participações nos campos de Carcará e Manati, a petroleira Enauta pretende ir às compras para recompor seu portfólio. Segundo o novo diretor-presidente da petroleira, Décio Oddone, o objetivo é adquirir ativos de produção de óleo e gás, de preferência sendo operador das áreas.
“A Enauta está preparada para sua transformação com liquidez, com capital. Fizemos M&As [sigla em inglês para fusões e aquisições] como vendedores. Queremos fazer agora como compradores”, disse o executivo, que assumiu o cargo este mês.
A companhia assinou em agosto a venda de sua participação de 45% no campo de Manati, na Bacia de Camamu, na Bahia, para a Gas Bridge. Junto com o campo de Atlanta, na Bacia de Santos, Manati era um dos principais ativos geradores de caixa para a Enauta. Já a fatia de 10% no bloco BM-S-8, na Bacia de Santos, onde está localizado o campo de Carcará, foi negociada com a norueguesa Equinor, em 2017.
Segundo Oddone, apesar do apetite da companhia, não há nenhuma operação em negociação no momento. A expectativa, explicou, é que uma potencial compra de ativo ocorra apenas a partir de 2021.
Ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Oddone explicou que a Enauta poderá olhar oportunidades de negócios em diversas regiões do país, desde ativos nas Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo até opções no Nordeste.
Questionado sobre a possibilidade de buscar alguma oportunidade no pré-sal, o executivo contou que, com relação aos campos da região, a petroleira precisa ser seletiva e fazer investimentos que sejam compatíveis com o seu balanço.
Com relação ao processo de transição energética, Oddone explicou que a Enauta tem atuado no monitoramento e acompanhamento de suas emissões de gases poluentes. Fazendo menção aos critérios de ESG (sigla em inglês para as questões ambientais, sociais e de governança), Oddone disse que “a companhia de capital aberto, se quiser ser bem sucedida, tem que olhar para isso”.
O executivo lembrou que a Enauta prevê investir US$ 110 milhões no biênio 2020/2021. No plano da empresa, está prevista uma campanha exploratória na Bacia de Sergipe-Alagoas no próximo ano. Com relação ao sistema definitivo de produção para o campo de Atlanta, Oddone disse que ainda não há uma previsão de data para uma decisão sobre o tema. “Estamos revisitando projeto”.