Óleo e gás

Com risco exploratório, é mais barato aumentar portfólio com M&A, diz PPSA

A diretora Técnica da Pré-Sal Petróleo (PPSA), Tabita Loureiro, destacou a necessidade de descoberta de novas reservas no Brasil
A diretora Técnica da Pré-Sal Petróleo (PPSA), Tabita Loureiro, destacou a necessidade de descoberta de novas reservas no Brasil

A diretora Técnica da Pré-Sal Petróleo (PPSA), Tabita Loureiro, alertou para a aversão ao risco exploratório de empreendedores de óleo e gás. Segundo a diretora, a tendência não ocorre apenas no Brasil, embora no país haja outros complicadores como dificuldade de licenciamento e a urgência na descoberta de novas reservas para a manutenção da autossuficiência. “Para mim, este é um desafio até mais relevante do que o preço do petróleo menor”, avaliou.

Em óleo e gás, a exploração é a fase de pesquisas, em que se investiga a presença de hidrocarbonetos em condições comerciais para a produção.

Loureiro indicou que, em 2011, 150 poços exploratórios foram perfurados no país, enquanto em 2024 o volume caiu para dez poços. A tendência não é exclusiva do Brasil já que, desde 2008, o volume de poços exploratórios caiu 75%, disse a diretora da PPSA mencionando dados da consultoria S&P.

Com a maior aversão ao risco exploratório, o aumento de reservas de empresas por meio de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) já seria mais vantajosa do que o crescimento orgânico, com exploração de novas fronteiras. “Os investidores estão priorizando voltar a dividendos. É mais barato, segundo a S&P, incorporar reservas por meio de M&A do que crescer organicamente explorando e incorporando novas reservas”, disse.

Novas reservas no Brasil

No Brasil, a situação se destaca pela necessidade de descoberta de novas reservas, já que a produção petroleira do país deve atingir seu pico nos próximos anos, com projeções de que o país se torne importador líquido de petróleo em meados da década de 2030. “O que será da década de 2030 se a gente não resolver as questões da exploração no Brasil, mantendo a atratividade, a competitividade do Brasil e perfurando os poços exploratórios?” questionou Loureiro.

Além da descoberta de novas fronteiras, outra forma de aumentar as reservas são por meio do aumento no fator de recuperação, ou seja, produzir mais óleo e gás a partir de poços já existentes. Ela também apresentou a tendência da indústria de buscar novas descobertas ao redor de infraestruturas existentes, chamada Infrastructure-led exploration.

Nenhuma destas formas, entretanto, seria suficiente para suprir a demanda do Brasil nas próximas décadas e impedir que o país se torne importador de óleo, caso novas reservas não sejam encontradas. Como os projetos de óleo e gás demoram alguns anos até que comecem a, de fato, produzir, o esforço exploratório deve começar já, alerta Loureiro.

A diretora participou do 12º Seminário Sobre Matriz e Segurança Energética Brasileira, realizado pela FGV Energia no Rio de Janeiro.