Óleo e Gás

Dificuldade em substituir petróleo deve impulsionar preços do Brent no pós-crise, diz PDE 2030

Dificuldade em substituir petróleo deve impulsionar preços do Brent no pós-crise, diz PDE 2030

O preço do petróleo tipo Brent deve se recuperar ao longo da próxima década, chegando aos US$ 83 o barril em 2030, de acordo com o caderno de Preços Internacionais de Petróleo e Derivados do Plano Decenal da Energia (PDE) 2030, divulgado ontem pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). 

Apesar das pressões para que a recuperação da crise seja com uma economia menos intensiva em carbono, a dificuldade de substituir o petróleo em diversos usos deve permitir que sua demanda se recupere na próxima década, superando os níveis pré-crise, segundo a EPE. Com isso, os preços também devem se recuperar.

De um lado, o crescimento da demanda mundial de petróleo, especialmente em países em desenvolvimento, pode induzir a trajetória de preços a uma alta mais acentuada, superando os US$ 100 por barril já a partir de 2022. 

O declínio pela demanda por petróleo, por conta da entrada de fontes energéticas e tecnologias alternativas, contudo, pressiona os preços para baixo, assim como a contínua queda dos custos de exploração e produção. Nesse cenário, o preço d Brent oscila entre US$ 40 e US$ 49 o barril entre 2022 e 2030.

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No curto prazo, o PDE 2030 identificou um impacto significativo da pandemia de covid-19 na demanda mundial de petróleo, com efeito negativo de 5,3 milhões de barris por dia em 2021, refletindo principalmente a retração do PIB per capita e da distribuição de renda. Nos próximos anos, a pandemia ainda vai afetar a demanda, tirando 1,8 milhões de barris por dia em 2022, 1 milhão de barris por dia em 2023, e 900 mil barris por dia entre 2024 e 2025.

A transição energética também tem o potencial de reduzir a demanda global por petróleo no longo prazo, tirando cerca de 10 milhões de barris por dia do consumo até 2030, caso as medidas de desenvolvimento sustentável, com foco em energias renováveis e eficiência energética ganhem de fato força na próxima década. 

O estudo da EPE, contudo, aponta que há muitos desafios ainda para que as metas de redução de emissão de gases poluentes possam ser atingidas até 2050, uma vez que algumas tecnologias necessárias não estão maduras e o desafio para indústria pesada e de transporte é muito grande, principalmente caminhões, embarcações e aeronaves.

Do lado da oferta, a pandemia de covid-19 pressionou a perspectiva para os próximos anos. Segundo a EPE, a retração de 30% nos investimentos em produção e exploração de petróleo em 2020 pode impactar a produção mundial em 2 milhões de barris por dia em 2025. Muitos projetos foram postergados no mundo, mas em países como Brasil e Guiana a produção deve ser rapidamente retomada. Sem novos investimentos, segundo a EPE, a produção iria estagnar em 2025.

Além disso, a pandemia acelerou os planos de transição energética de petrolíferas. Atualmente, as grandes empresas do setor já operam 7 GW de potência em fontes renováveis, e têm mais 45 GW em construção. O foco continua em óleo e gás, mas a EPE identifica uma migração das empresas de petroleiras para grupos integrados de energia.

O estudo da EPE também considera as perspectivas de preços para derivados de petróleo que, em geral, acompanham as cotações da commodity.

O óleo diesel, segundo o estudo, deve ter um prêmio alto no preço mantido, devido à dificuldade de substituir o combustível no transporte, construção civil e agricultura. 

Para o querosene de aviação (QAV), a demanda global deve se elevar nos próximos anos com o crescimento econômico em países em desenvolvimento. A demanda caiu bruscamente em 2020, diminuindo o valor do derivado, mas a EPE espera que o prêmio do preço volte aos patamares históricos ao longo de 2021.

A demanda de gasolina deve crescer mais que a de óleo diesel nos próximos 10 anos, apesar dos contínuos avanços nos níveis de eficiência dos veículos. Mesmo com a difusão de tecnologias de motorização substitutas à combustão interna, o estudo da EPE aponta que o estoque de veículos a gasolina vai impedir a redução dos prêmios frente ao Brent e ao diesel antes da década de 2030.

Para a nafta, o fechamento de refinarias com foco em produção de gasolina deve promover o aumento do prêmio do derivado na segunda metade da década de 2020.

O gás liquefeito de petróleo (GLP) deve ter um aumento da demanda mundial, até por conta da perspectiva de crescimento da renda per capita. A crescente eletrificação das economias, contudo, limita a valorização no longo prazo.

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