Óleo e Gás

Não podemos fingir que há algo como ‘petróleo verde’, diz consultoria sobre produção com baixas emissões

As baixas emissões de carbono por barril produzido, uma das grandes vantagens do pré-sal, ainda devem demorar a se traduzir em prêmio no pagamento da commodity. A avaliação é do vice-presidente de desenvolvimento de negócios de petróleo da Argus, James Gooder.

28/11/2007-Plataforma P-52 começa a produzir no Campo de Roncador. Foto: Stéferson Faria
28/11/2007-Plataforma P-52 começa a produzir no Campo de Roncador. Foto: Stéferson Faria

As baixas emissões de carbono por barril produzido, uma das grandes vantagens do pré-sal, ainda devem demorar a se traduzir em prêmio no pagamento da commodity. A avaliação é do vice-presidente de desenvolvimento de negócios de petróleo da Argus, James Gooder.

O especialista considera que a produção do pré-sal tem um bom nível de eficiência, e menciona operações de óleo e gás na Noruega que operam com energia renovável. Mesmo assim, não avalia ser adequado relacionar petróleo a baixas emissões.

“Petróleo é petróleo, quando é queimado, gera gás carbônico. Não podemos fingir que há algo como ‘petróleo verde’. Obviamente, quanto mais eficiente e com menor emissões a produção for, melhor para o meio ambiente”, disse o executivo durante a conferência Argus Rio Crude, realizada nesta terça-feira, 21 de maio, no Rio de Janeiro.

Segundo ele, já há registro de comercializações de petróleo junto com soluções de descarbonização, como uma carga que saiu da Colômbia, pela Ecopetrol, em direção à refinaria Salas, na Itália, que teve suas emissões compensadas. Mas, para o especialista, este tipo de negociação ainda não deve virar norma.

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“Esse prêmio pode se desenvolver, mas ainda está cedo demais para dizer. Acho que o que vamos ver é algum trading experimental mas que ainda não será parte significativa do mercado”, disse o executivo. Uma das razões para isso é o tamanho do mercado de óleo e gás: “Estamos falando de 100 milhões de barris por dia e muito deste petróleo vem de lugares como Rússia, Oriente Médio, regiões em que essas questões não são tão relevantes”, avalia.

Taxa de carbono

James Good também comentou sobre o impacto da implementação, pela União Europeia, do mecanismo de ajuste fronteiriço de carbono (Cbam, na sigla em inglês). A norma, que entrará em sua forma definitiva em 2026, estabelece que qualquer carga que chegue ao bloco europeu terá de pagar pela compensação das emissões de carbono.

“Talvez puxe para baixo os preços para o exportador, porque é o preço final que conta. A penalidade deve ficar com o remetente. Ultimamente, o preço do petróleo está bastante alto, US$ 80, US$ 90 por barril. Historicamente é um preço bem alto, os exportadores podem pagar”, disse.

A fase de transição do Cbam começou em 2023, aplicada a um número reduzido de produtos intensivos em carbono e cuja produção é mais suscetível a vazamento de carbono. Atualmente, a norma vale para cimento, ferro e aço, alumínio, fertilizantes, eletricidade e hidrogênio.