A aprovação do PL 4.476/2020, que prevê o Novo Mercado do Gás, pode gerar uma demanda adicional de 329 milhões de m3/dia de gás natural na soma dos anos de 2021 a 2030. O dado consta no Caderno Preços e Demandas de Gás Natural, que compõe o Plano de Desenvolvimento Energético (PDE 2030), divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Com isso, a demanda total, que também inclui as demandas de termelétrica máxima e de não termelétrica, deve saltar de 124 milhões de m3/dia para 245 milhões de m3/dia no horizonte.
Apesar do aumento esperado no consumo de gás natural com a entrada de novos agentes em diversos elos da cadeia, há espaço durante todo o horizonte para um maior consumo de gás natural, tendo em vista que a oferta total será de 175 milhões de m3/dia em 2021, chegando a 274 milhões de m3/dia em 2030. Nesse período, a demanda termelétrica cresce 56% e a não termelétrica 77%.
A expectativa é de que a demanda total de gás natural terá um aumento 5% ao ano no decênio, com ressalva para o período entre 2023 e 2026 onde ocorre uma queda devido à postergação da necessidade de novas térmicas.
Malha
Considerando a maior competitividade do gás natural nos próximos anos, a EPE entende que pode se tornar viável a conexão dos sistemas isolados à malha integrada de forma direta ou indireta. A demanda pode contar com até 14 milhões de m³/dia de oferta nacional adicional, e 60 milhões de m³/d de demanda adicional, com entrada gradual ao longo do decênio.
Segundo a EPE, o novo mercado poderá incentivar a conexão dos sistemas via modais rodoviário, ferroviário, hidroviário (GNC ou GNL) e/ou dutoviário, além da viabilização de novos projetos de oferta e demanda.
Também como consequência do covid-19, o estudo mostra uma redução de 7% para o PDE 230 com relação à versão anterior. A redução é vista a partir de 2025, quando a demanda máxima cai para 80 milhões de m3/dia, frente a previsão de 107 milhões de m3/dia previsto no planejamento anterior.
O motivo para a queda foi a postergação da entrada de termelétricas, bem como com a substituição gradual de térmicas antigas por mais eficientes, além de térmicas que se consolidaram como sistemas isolados.
Preço
A retração econômica do período de isolamento social também gerou uma menor demanda por petróleo e gás natural, refletindo na queda dos preços nos mercados nacional e internacional.
Comparando os dados de janeiro de 2019 a julho de 2020, a maior queda no preço do gás natural foi no componente da molécula, que passou a representar menos de 50% da composição do valor. Por outro, o preço de transporte teve leve alta, assim como a da distribuição.
Demanda
Segundo o caderno da EPE, houve queda de cerca de 20% entre 2019 e 2020 na demanda nacional por gás natural dos segmentos industrial, comercial, residencial e de GNV devido à crise da covid-19, mas a instituição prevê que essa queda será revertida em 2021 e espera-se um crescimento de 3% ao ano no decênio.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, nessa ordem, continuam como maiores consumidores nos segmentos industrial, comercial, residencial e de transportes, seguido por Minas Gerais, que também teve aumento de demanda no período e deve ultrapassar o estado da Bahia a partir de 2029.
A demanda termelétrica por gás natural inclui as instalações existentes e as que são previstas para entrada no sistema por já terem vencido leilões, além das que podem vir a vencer leilões no horizonte decenal.