
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) revisaram para baixo suas projeções sobre demanda global de petróleo, em função das tensões comerciais e incertezas provocadas pelas tarifas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no começo de abril.
A Opep avalia que o novo cenário deve reduzir o crescimento econômico em todo o mundo, mas o Brasil deve sofrer pouco ou nenhum efeito das tarifas, com possibilidade de ser beneficiado, sobretudo, pelas tensões entre Estados Unidos e China.
O cartel baixou sua projeção de crescimento econômico mundial para 3% em 2025 e 3,1% em 2026, com redução de 0,1 ponto percentual em cada ano. Como resultado, a demanda global por óleo deve ser de 105 milhões de barris por dia, crescimento de 1,3 milhão em comparação com 2024 – antes, a estimativa de crescimento era de 1,45 milhão de barris por dia.
Já a IEA prevê um crescimento na demanda de 730 mil barris por dia, número 330 mil barris de óleo por dia inferior que a projeção anterior. Para a IEA, o crescimento deve desacelerar ainda mais em 2026, com acréscimo de 690 mil barris de óleo por dia, mas a agência ressalva que os riscos das previsões são elevados, em função da volatilidade do cenário macroeconômico.
O aumento na oferta de óleo também teve reajustes. Para a IEA, o crescimento da oferta global para 2025 foi reduzido em 260 mil barris por dia, para 1,2 milhão de barris por dia, devido à queda na produção dos Estados Unidos e da Venezuela. A produção em 2026 deverá aumentar em 960 mil barris por dia, com liderança de projetos offshore e o Brasil entre os principais ofertantes do hidrocarboneto.
‘Brasil está bem-posicionado no cenário de guerra comercial’
Enquanto reduziu as projeções de crescimento para o mundo, a Opep manteve suas expectativas para o Brasil, com manutenção das taxas de crescimento econômico de 2,3% em 2025 e 2,5% em 2026. O cartel avalia que o país continuará crescendo, embora de forma menos acelerada do que em 2024, e que as tarifas anunciadas por Trump devem afetar pouco o país, que passa a ter uma tarifa-base de 10% de taxação sobre suas exportações aos Estados Unidos.
“O Brasil está relativamente bem-posicionado e pode até se beneficiar da situação atual. Por exemplo, as tensões comerciais entre os EUA e a China podem aumentar a demanda chinesa por exportações agrícolas brasileiras”, diz o relatório.
A organização também projeta um aumento na demanda por diesel no Brasil, em função da temporada de safras do agronegócio. Por outro lado, o possível aumento da mistura de etanol na gasolina pode reduzir a demanda do combustível fóssil. Em março, o Ministério de Minas e Energia (MME) apresentou estudo sobre a viabilidade técnica do E30, mas o aumento da mistura ainda não foi apresentado ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).