A argentina Pan American Energy e a Comgás, empresa distribuidora de gás natural canalizado em São Paulo, celebraram acordo de compra e venda de gás natural, como resultado de chamada pública realizada pela Comgás em junho de 2024. O contrato tem vigência até dezembro deste ano e prevê a entrega de até 1 milhão de m³ de gás por transação, na modalidade flexível.
Além da aquisição de gás da empresa argentina, a chamada pública da Comgás resultou na contração de gás natural em oferta firme com as empresas Brava Energia, Equinor e Galp. A distribuidora de gás pretendia ainda contratar biometano, mas desistiu após análises técnicas das propostas recebidas.
Compra da Pan American
A subsidiária brasileira da Pan American Energy tem autorização da Agência Brasileira do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para importar ao Brasil até 15 milhões de m³ de gás por dia, com origem na Argentina ou na Bolívia. A entrega está autorizada para acontecer em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, ou Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Os pontos pertencem à Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) e à Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB), respectivamente.
Em nota, a Pan American Energy declara estar trabalhando para garantir a disponibilidade de gás natural de Vaca Muerta para o Brasil. Entretanto, não é simples trazer o gás argentino ao país. Em novembro, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o governo argentino firmaram acordo para viabilizar o fluxo da molécula.
Entre as rotas existentes, a mais simples pode ser pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), pois a infraestrutura já existe. Neste caso, é necessário inverter o fluxo de gás entre Bolívia e Argentina. YPFB, TotalEnergies e Matrix já firmaram acordo neste sentido.
Em fevereiro, o diretor-geral da Pan American Energy, Alejandro Catalano, disse que a empresa também pretende importar gás natural liquefeito (GNL) da Argentina ao Brasil, mas o país vizinho ainda não tem infraestrutura para liquefazer o gás natural. A estatal YPF e a Shell trabalham em projeto para construir a primeira planta de gás natural liquefeito (GNL) do país.
Resultado da chamada pública da Comgás
A chamada pública nº 1/2024 da Comgás buscava fornecimento de gás natural e biometano. Para gás natural em oferta firme, as vencedoras foram a Brava Energia, a Equinor e a Galp, de acordo com os volumes abaixo:
- Brava Energia: fornecimento firme inflexível entre 2025 e 2027, com volumes de 150 mil m³ por dia entre janeiro e março e outubro e dezembro; 300 mil m³ de abril a junho e 450 mil m³ por dia entre julho e setembro.
- Equinor: fornecimento firme inflexível entre 2025 e 2034, com volume de 50 mil m³ por dia em 2025; 100 mil m³ por dia entre 2026 e 2028; e 1 milhão de m³ por dia entre 2029 e 2034
- Galp: fornecimento firme inflexível e flexível de 150 mil m³ por dia ao longo de 2025.
As ofertas para fornecimento de biometano foram declinadas pela Comgás após análises técnico-financeiras da infraestrutura de conexão entre o produtor e a rede de distribuição da Comgás. A distribuidora identificou questões como inviabilidade técnica de interconexão, ausência de “condições de modicidade tarifária necessárias para viabilização” conforme deliberação da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), inviabilidade econômica e impactos econômicos negativos para a gestão de portfólio, especialmente na gestão de penalidades.
*Matéria editada às 14h35