O recente acordo para o compartilhamento de infraestrutura de escoamento de gás natural firmado pela Petrobras com suas sócias em gasodutos offshore do pré-sal da Bacia de Santos (Shell, Repsol Sinopec e Petrogal) pode resultar em uma nova empresa de dutos, com possibilidade de abertura de capital na bolsa. A afirmação foi feita nesta quinta-feira, 29 de outubro, pelo presidente da estatal, Roberto Castello Branco.
“Isso [contrato de compartilhamento] dá maior flexibilidade em termos de produtividade e é uma oportunidade de criação de uma empresa de ‘midstream’, cujas ações poderão ser lançadas o mercado. Podem ser alvo de um ‘IPO’ e se transformar em um veículo de ‘midstream’ para a construção de novos gasodutos no Brasil com recursos da iniciativa privada, dispensando recursos públicos para isso”, disse o executivo, durante teleconferência com analistas e investidores sobre o resultado da Petrobras no terceiro trimestre.
“Há muitos investidores buscando investimentos em infraestrutura no Brasil”, completou.
Os contratos de compartilhamento de infraestruturas de escoamento e processamento de gás natural foram assinados no fim de setembro pela Petrobras com a Repsol Sinopec, a Shell e a Petrogal.
Segundo a empresa, os contratos preveem a interligação física e o compartilhamento das capacidades de escoamento nas rotas 1, 2 e 3 (a última de propriedade da Petrobras e em fase de construção), dando origem ao Sistema Integrado de Escoamento de gás natural (SIE). No futuro, outras empresas produtoras de gás natural poderão aderir aos contratos vigentes, observados os seus dispositivos e desde que haja capacidade de escoamento disponível no SIE.
Com relação ao programa de desinvestimentos da companhia, Castello Branco afirmou que espera receber o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a venda da Liquigás em meados de novembro. Sobre a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, ele lembrou que o processo de venda está em etapa final de negociação com o potencial comprador.
Questionada sobre a possibilidade de distribuir dividendos em 2021, após a mudança na política de remuneração aos acionistas, a diretora de finanças e relações com investidores da Petrobras, Andrea Almeida, disse ainda não ser possível confirmar o pagamento. “Pedimos a flexibilização [da política de distribuição de dividendos] para sermos capazes de fazer [o pagamento] quando a administração achar importante, tiver reservas e uma geração de caixa excepcional. Não podemos antecipar nada. Mas a flexibilização permite fazermos o que é certo para nossos acionistas”, explicou ela.