Criticada pelos importadores de combustíveis por praticar preços de gasolina e diesel abaixo da paridade internacional, a Petrobras também tem sido alvo de reclamações por se submeter à pressão do mercado privado. Segundo o coordenador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rodrigo Leitão, o reajuste no preço da gasolina implementado pela estatal nesta terça-feira, 19 de janeiro, é resultado da pressão do mercado sobre a companhia e busca viabilizar a sua privatização.
De acordo com o Ineep, o preço final aos motoristas dependerá de cada posto de combustíveis, que tem suas próprias margens de lucro, além do pagamento de impostos e custos com mão de obra.
“Essa é uma amostra do que acontecerá com o país caso a privatização avance: sem compromisso com a responsabilidade social, apenas com o lucro. Ou seja, com a privatização a tendência é que o preço dos derivados aumente ainda mais. O projeto de petróleo que o país está seguindo é o de submissão ao mercado internacional, sem o mínimo debate sobre os interesses externos”, disse o coordenador do Ineep, em nota. O Ineep é ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Os importadores de combustíveis, por sua vez, temem que a Petrobras esteja deixando de repassar correção dos preços internacionais para os preços dos derivados no mercado interno, com receio de pressionar a inflação. Nessa linha, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) protocolou no início do mês ofício na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) alertando sobre indícios do que ela considera ser prática predatória de preços dos combustíveis.