Investimentos

Petróleo brasileiro deve atrair mais de US$ 100 bi até o fim da década

Projeção é da consultoria Rystad Energy

28/11/2007-Plataforma P-52 começa a produzir no Campo de Roncador. Foto: Stéferson Faria
28/11/2007-Plataforma P-52 começa a produzir no Campo de Roncador. Foto: Stéferson Faria

O mercado brasileiro de petróleo e gás deve atrair cerca de US$ 20 bilhões por ano nos próximos quatro anos, e encerrar a década com mais de US$ 100 bilhões investidos. A projeção é da consultoria Rystad Energy, que participou do encerramento da Offshore Week, organizado pela Agência Eixos nesta quarta-feira, 30 de outubro.

Daniel Leppert, que é vice-presidente e chefe da Área de Pesquisa para América Latina da Rystad Energy, acredita que, até 2030, a região vai oferecer 10% do petróleo em todo o mundo. A produção deve ser impulsionada pelas operações no Brasil, Guiana e Argentina, que apresentam óleo mais competitivo por terem baixo break even e baixas emissões de carbono. “Precisaremos de mais óleo, e de um óleo mais competitivo”, avalia o executivo.

Mobilidade elétrica

As projeções da Rystad indicam que deve haver aumento na demanda por petróleo pelo menos até 2037.

Segundo Daniel Leppert, a maior redução da demanda por óleo deve vir da eletrificação de veículos. Mas, mesmo neste mercado, o consumo deve aumentar nos próximos cinco anos. Leppert avalia que o crescimento da mobilidade elétrica tem desacelerado na medida em que mercados como Estados Unidos e Europa reduzem os subsídios para esta indústria.

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“Apostar 100% na transição energética é arriscado. Uma transição justa e acessível tem que ter um mix com petróleo”, disse o executivo.

No Brasil, exploração em ondas se reduziu na última década

Em sua apresentação, Daniel Leppert apontou que o histórico da exploração no Brasil, que levou a descobertas como o pré-sal, ocorreu em ondas que acompanharam o aumento no preço do petróleo. Assim, o preço do mercado serviria como um estímulo para avançar na busca por novas reservas.

Na última década, entretanto, houve um descolamento desta tendência, com volumes de exploração muito abaixo da média anterior e distantes do preço da commodity. Entre os motivos para a ruptura no padrão, estariam maiores índices de retorno a acionistas e investimentos das empresas em transição energética.

Segundo Leppert, cerca de 30% dos investimentos de petroleiras europeias vai para transição energética, enquanto nos Estados Unidos e América Latina, incluindo Petrobras, a taxa está mais próxima de 10% dos investimentos totais.

Fator de recuperação

A redução dos investimentos em exploração no Brasil já preocupa o mercado local. Segundo a presidente interina da Pré-Sal Petróleo (PPSA), Tabita Loureiro, as reservas provadas do Brasil devem se esgotar em cerca de 12 anos, considerando a taxa atual de produção.

“Esta conta dos nove anos sem reposição de reserva vai chegar”, avalia Loureiro. Segundo ela, o mercado sentirá a falta de novas reservas antes mesmo do declínio na produção, já que alguns campos ainda não atingiram o pico de produção.

Loureiro reconhece que é possível aumentar o fator de recuperação de reservas maduras, e que este é um caminho importante para manter a produção brasileira. Atualmente, a taxa de declínio nos campos brasileiros é de 10% ao ano.

Empresas como a Prio e Brava têm se dedicado a aumentar o fator de recuperação de campos maduros. Recentemente, até mesmo a Petrobras anunciou o plano de revitalização da Bacia de Campos, para melhor aproveitamento dos recursos.

Mas, na avaliação de Tabita Loureiro, mesmo com aumento do fator de recuperação, será preciso explorar novas fronteiras. “Sem novas reservas, você não tem boom. As grandes descobertas já estão contratadas”, disse a presidente da PPSA.