A queda do preço das ações da Petrobras na última quarta-feira, 13 de janeiro, no pregão da B3, foi uma reação exagerada do mercado com relação às notícias publicadas recentemente sobre a política de preços de combustíveis da companhia, de acordo com a avaliação da XP.
As notícias tiveram início na semana passada, quando a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) enviou ofício ao Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) e à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) alertando sobre indícios do que ela considera ser prática predatória de preços dos combustíveis da Petrobras, abaixo da paridade internacional.
A Petrobras, que já havia se manifestado afirmando que continua praticando preços em paridade com o mercado internacional, elevou o tom em entrevista com o presidente da companhia, Roberto Castello Branco, publicada ontem pelo jornal Valor Econômico. Segundo o executivo, os importadores querem que a estatal aumente os preços porque eles são menos eficientes e não conseguem alcançar custos baixos como os da Petrobras.
Apesar de perseguir a paridade internacional, Castello Branco afirmou que a companhia não pretende fazer reajustes diários, o que ele classificou como um erro cometido na gestão do ex-presidente da companhia Pedro Parente.
O mercado reagiu mal às declarações do executivo e as ações preferenciais da Petrobras fecharam o pregão de ontem com queda de 4,83%, a R$ 29,15. Os papeis ordinários, por sua vez, recuaram 1,44%, a R$ 29,74. Nesta quinta-feira, às 14h45, as ações PN registravam alta de 0,89%, a R$ 29,41, e os papeis ON subiam 0,61%, negociados a R$ 29,92.
“Embora continuaremos monitorando cuidadosamente desenvolvimentos acerca da política de preços da Petrobras no futuro, acreditamos que o mercado pode ter reagido de forma exagerada”, afirmou a XP, em relatório assinado pelos analistas Gabriel Francisco e Maira Maldonado.
Segundo os especialistas, embora os preços da gasolina e diesel praticados pela Petrobras estejam abaixo das referências internacionais, isso só aconteceu nos últimos dias, desde 7 de janeiro. Na avaliação deles, esse período não é significativo para formar conclusões sobre a política de preços da Petrobras.
O relatório também indica não haver grande risco de greve geral de caminhoneiros em fevereiro, contra os preços do diesel no país.
Os analistas fizeram ainda um exercício de cenário de estresse, considerando uma defasagem de preços dos combustíveis em relação ao mercado internacional até o fim do mandato do governo Jair Bolsonaro, entre outras premissas. A conclusão foi de que a as ações da petroleira não deveriam ter comportamento cíclico a preços de petróleo, uma vez que os maiores resultados na divisão da exploração e produção (E&P) seriam compensados por piores resultados em refino devido às perdas com importações a prejuízo.
Os especialistas da XP também entendem que esse cenário eventual tem chance limitada de ocorrer já que uma política de congelamento de preços dos combustíveis abalaria de maneira significativa a agenda econômica do governo e representaria sérios riscos ao processo de desinvestimentos das refinarias da companhia.