Óleo e Gás

Shell: Regime único para exploração de petróleo é fundamental para Brasil ser competitivo

A definição de um regime único para exploração de petróleo no Brasil é fundamental para manter o setor atrativo a investimentos diante dos novos patamares do preço da commodity no mercado internacional, disse André Araújo, presidente da Shell no Brasil, em videoconferência transmitida pelo Valor Econômico.

“Ter um único regime de concessão é claramente um sinal para um ambiente competitivo”, disse Araújo. O executivo lembrou que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em live realizada pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) na quarta-feira (20 de maio), falou sobre a importância de um regime único.

Segundo Araújo, as empresas do setor de óleo e gás estão se adaptando aos novos preços do petróleo e ao capex mais baixo, considerando essas premissas. “Os investimentos vão migrar para países com projetos mais atrativos”, disse. 

O pré-sal é uma área estratégica de grande interesse para a Shell, por ser bastante produtiva. “Mas vamos viver um um regime de competição em que todos temos desafios para investir em início de produção, ao mesmo tempo em que diversas companhias vão alocar dinheiro em outras formas de energia”, disse o executivo.

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Globalmente, a Shell reduziu investimentos (capex e opex) em cerca de US$ 9 bilhões por causa dos efeitos da pandemia do coronavírus (covid-19). Além disso, confirmou o plano de venda de ativos de US$ 10 bilhões, zerou os bônus deste ano e anunciou uma mudança na sua política de dividendos. “Foi um momento histórico e difícil para a companhia, já que a gente não mudava o posicionamento de dividendos desde a Segunda Guerra Mundial. Mas o momento é crítico e precisamos ver a companhia fortalecida”, disse.

No Brasil, o grupo suspendeu novos contratos e reduziu o recrutamento de novos colaboradores a casos críticos. “Seguramente vamos continuar olhando formas de revisão dos ativos, agora obviamente bastante pressionados pelo preço do petróleo em patamar diferente do previsto no plano de negócios da companhia”, disse. Até o início da crise, o planejamento estratégico considerava o barril do petróleo numa faixa de US$ 50 a US$ 60, patamar que caiu para algo entre US$ 20 e US$ 30 o barril.

Apesar disso, a companhia segue operando no país com as metas mantidas. No primeiro trimestre, a produção operada e não operada superou 400 mil barris por dia, e a fase inicial de perfuração do campo de Saturno, no pré-sal da Bacia de Santos, foi iniciada recentemente.

Energia elétrica

A geração de energia elétrica também segue no radar da Shell. “Sem dúvidas, power é uma das bolas da vez do grupo e o Brasil tem tudo para crescer”, disse Araújo.

A companhia pretendia participar do leilão de substituição de termelétricas que aconteceria em abril mas foi suspenso por causa da pandemia. “Mas o time continua analisando potenciais projetos”, disse. 

Ele destacou a importância da integração dos mercados de energia e gás natural e da aprovação do marco legal do gás natural no país, vista como “imperativa” por trazer um Norte ao setor. “A aprovação do Novo Mercado de Gás vai trazer um cenário positivo, mas o que temos hoje é que continuar trabalhando com o que temos”, disse, se referindo ao projeto Marlim Azul.

A Marlim Azul é uma joint venture que tem participação da Shell, da Mitsubishi Hitachi Power System e do fundo de private equity Pátria Investimentos. O consórcio está implantando uma termelétrica de 565,5 MW no Complexo Logístico e Industrial de Macaé, no Rio de Janeiro, usina que será a primeira do país a usar gás do pré-sal na produção de energia. 

Além da geração de energia a gás natural, a Shell também olha fontes renováveis no país. Recentemente, a companhia solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o requerimento de outorga de um projeto de geração solar fotovoltaica em Minas Gerais. “Torço para que os projetos deem certo e que outros em nosso pipeline possam se materializar”, disse. 

O foco desses empreendimentos deve ser a venda da energia a consumidores livres de energia que desejam reduzir as emissões de carbono. “A sociedade está mudando e precisamos estar prontos para atender os clientes”, disse. 

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