Óleo e Gás

Vitória democrata nos EUA pode antecipar pico de gás natural e melhorar competitividade da solar no Brasil

A vitória do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, pode mudar a tendência de consumo de gás natural no país e deslocar o pico de utilização o insumo, que estava previsto para 2035, em cinco anos antes. Em seu plano de governo, o candidato anunciou investimento de US$ 2 trilhões para o combate às mudanças climáticas, contemplando o aporte em energia limpa nos setores de infraestrutura, transporte e construção, e zerando as emissões na geração de energia nos próximos 15 anos.

“Caso Biden seja eleito e aplique o programa agressivo de energias renováveis, pode ser que o pico de gás natural nos Estados Unidos aconteça em 2030. Ele é adiantado em cinco anos porque o crescimento de eólica e solar vai ser mais rápido”, disse Marcelo de Assis, chefe de pesquisa da área de exploração e produção de petróleo da Wood Mackenzie na América Latina, durante webinar promovido pela EPBR nesta sexta-feira, 28 de agosto.

E mesmo com a aceleração dos investimentos em renováveis em detrimento das demais fontes, o país deve manter a sua independência em relação ao Oriente Médio, como já possui com o shale gás. Mudando a matriz energética para renovável também garante essa independência dos Estados Unidos em relação ao Oriente Médio.

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Com a mudança na matriz americana também deve ocorrer um aumento na produção de equipamentos da indústria das fontes renováveis. Assis prevê que a escala da produção de turbinas eólicas e painéis fotovoltaicas, além do debate sobre a reciclagem dos painéis fotovoltaicos deve evoluir, ganhar em escala e impactar o Brasil. “Os equipamentos para a indústria fotovoltaica devem cair o preço e se torna mais competitivo. Essa oferta do país com o Brasil será mais competitiva”, completou Assis.

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Segundo estudo da Wood Mackenzie, a América do Norte apresenta um crescimento acentuado de energia eólica, solar e baterias, reduzindo a utilização de carvão mineral, energia nuclear e hidráulica. A análise ainda indica que em 2035 a demanda do carvão mineral para o setor de energia deve desaparecer ou ficar marginal. Para as fontes hidráulica e nuclear, a redução deve começar em 2027 e chegar a 2039 com queda, respectivamente, de 28,6% e 48,6%.

Sem a política agressiva de Biden, a expectativa é de que o gás deve se estabilizar com pequeno crescimento até 2035, motivado pelo consumo dos segmentos residencial e comercial. Da mesma forma a visão é estendida para os países europeus.

Por isso, o mercado de gás natural pode ter grande expansão em países como a China e a Índia. Ambos apresentam grande participação do carvão mineral em suas matrizes energéticas e que pode ser deslocado pela entrada do gás natural. Além disso eles possuem grande população e crescimento elevado de Produto Interno Bruto (PIB), podendo ter uma preocupação mais voltada para a melhora da qualidade de vida.

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