O volume de recursos de petróleo e gás descobertos e previstos devem ser mais que o dobro da demanda projetada até 2050. As opções com menor custo de exploração e emissão de carbono, contudo, só devem ser suficientes para suprir metade da demanda projetada nesse horizonte. A previsão é do novo relatório da consultoria britânica Wood Mackenzie.
Recursos “verdadeiramente vantajosos”, com baixo custo de extração e resistentes à movimentos de baixa nos preços da commodity “são tudo menos abundantes”, diz o estudo, assinado vice-presidente de Pesquisa de Energia da Wood Mackenzie Upstream, Andrew Latham.
Mesmo com as recentes descobertas, a consultoria acredita que será necessário investir de forma sustentável na exploração de petróleo e gás, principalmente, para manter a oferta de reservas de qualidade e baixo custo.
Para os analistas, os produtores estão “negligenciando” a área de exploração e produção, sendo necessária a exploração de novos campos, por meio do uso de novas tecnologias de descarbonização para reduzir os impactos ambientais e atender a demanda projetada para a próxima década.
A descarbonização de campos existentes também é vista como uma prioridade pela consultoria britânica, seja por meio de tecnologias de eletrificação de instalações ou pela redução de escapes de metano – para diminuir as emissões dos ativos, sem aumentar custos. Outra alternativa sugerida no relatório é o aumento da produção de biocombustíveis.
Mesmo combinadas, as medidas não devem ser suficientes para resolver a situação, devido às desafiadoras pressões impostas pelo contexto da sigla para governança ambiental, social e de corporativa (ESG, em inglês).
A Wood Mackenzie aponta que as reservas de petróleo descobertas e previstas superam 2 trilhões de barris, enquanto para o gás há cerca de 1,7 trilhão de barris de óleo e equivalente. Se o mercado for indiferente à qualidade dos recursos, eles serão suficientes para atender o crescimento projetado da demanda.
“Algumas empresas devem apostar se desfazer de ativos menos vantajosos em seus portfólios. Inevitavelmente, partes da indústria precisarão tolerar uma produção parcialmente desvantajosa, a fim de atender a demanda. Infelizmente, devemos ver o surgimento de companhias especializadas em petróleo ‘sujo’, a fim de operar os ativos menos vantajosos dispensados por outros. São todas razões para que a indústria responsável impulsione seus investimentos em fontes renováveis, descarbonização e alternativas de baixa emissão de carbono”, diz o documento.