Coluna Abragel

Benefícios e principais atributos das centrais hidrelétricas

A energia hidrelétrica foi e continua sendo o principal motor da energia elétrica no Brasil, representando atualmente 54% da potência instalada, uma geração renovável e não intermitente.

Benefícios e principais atributos das centrais hidrelétricas

Por: Charles Lenzi*

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A energia hidrelétrica foi e continua sendo o principal motor da energia elétrica no Brasil, representando atualmente 54% da potência instalada, uma geração renovável e não intermitente, com baixo impacto ambiental e custo reduzido, além de promover diversos benefícios socioeconômicos ao país.

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As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e as Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) são usinas de pequeno porte, apesar de possuírem vida útil e funcionamento semelhante ao de grandes Usinas Hidrelétricas (UHEs). Possuem um fator de capacidade médio elevado, se comparado a outras fontes renováveis, tendo uma produção efetiva da ordem de 60% da sua potência máxima de geração. São despacháveis em curto período, ou seja, podem ser acionadas rapidamente possibilitando o atendimento da demanda em horário de ponta.

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Em termos locacionais, por estarem localizadas em diferentes regiões, próximas aos pontos de carga, reduzem as perdas de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) e podem evitar ou até postergar investimentos em novas linhas de transmissão e subestações.

Em se tratando da indústria, a tecnologia e toda cadeia produtiva empregada na construção destes empreendimentos são 100% nacionais, o que proporciona geração de receita e impostos ao país, que se estende ao longo da geração de energia. Além disso, estimula a geração de empregos diretos e indiretos, que vão desde a construção até a fase de operação da usina ao longo de toda sua vida útil, que supera 100 anos.

Outro fator relevante é a mão de obra associada à implantação de usinas hidrelétricas. O Brasil é um celeiro especializado e mundialmente reconhecido pela capacidade técnica e expertise no desenvolvimento de usinas hidrelétricas.

Além das vantagens acima citadas, deve-se ressaltar que para cada uma das etapas previstas no licenciamento ambiental são necessários estudos ambientais específicos, de forma a caracterizar as áreas de influência desses empreendimentos, definir e quantificar os impactos associados para definição dos programas ambientais que devem mitigar ou compensar tais impactos, bem como alavancar os impactos de natureza positiva. As licenças ambientais são emitidas prevendo a implantação de diversos programas socioambientais, como o programa de recuperação e proteção de nascentes, monitoramento da qualidade da água e fauna aquática, educação ambiental, e outros.

Apesar das dificuldades e questionamentos enfrentados ao longo de todo o processo de licenciamento ambiental, os benefícios ambientais das PCHs e CGHs são comprovados. A geração de energia a partir desses empreendimentos resulta em menor impacto ambiental em razão de baixa emissão de gases poluentes ao longo de sua vida útil e considerando toda a cadeia produtiva.

A construção de hidrelétricas está sempre associada à implantação de uma área de preservação permanente (APP), de no mínimo 30 metros no entorno de seu reservatório, o que contribui para incremento das áreas de reflorestamento, sua gestão e manutenção de fauna associada.

Um exemplo é o caso do rio Sapucaí, em São Paulo (Figura 1). Pelas imagens é possível observar que antes da implantação da PCH as áreas agrícolas chegavam até as margens do rio, ou seja, sofrendo os impactos da forte antropização da região.

Rio Sapucaí/SP antes e após a implantação da PCH Anhanguera. Fonte: Central Elétrica Anhanguera S.A.
Figura 1 – Rio Sapucaí/SP antes e após a implantação da PCH Anhanguera. Fonte: Central Elétrica Anhanguera S.A.

Após a APP implantada no entorno do reservatório e mantida pela empresa proprietária da PCH, já é possível observar o reflorestamento e a preservação nas margens do rio (Figura 2).

Reservatório e APP da PCH Anhanguera, no Rio Sapucaí/SP. Fonte: Central Elétrica Anhanguera S.A
Figura 2 – Reservatório e APP da PCH Anhanguera, no Rio Sapucaí/SP. Fonte: Central Elétrica Anhanguera S.A

Potencial e necessidade de planejamento para expansão da fonte

Conforme dados do Siga/Aneel, existe um potencial disponível de 1,44 GW de usinas autorizadas até 50 MW para implantação a curto prazo, ou seja, usinas em construção ou construção não iniciada, distribuídos em 105 projetos. A Figura 3 mostra a distribuição da potência para cada estado.

Os projetos que possuem o Despacho de Registro de Adequabilidade do Sumário Executivo (DRS) emitido pela Aneel, representam um potencial de 8,86 GW de PCHs e UHEs até 50 MW. Este potencial está mais concentrado nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste (Figura 4).

Figura 4 – Potencial para expansão a médio prazo em cada estado – hidrelétricas autorizadas até 50 MW. Fonte: Siga/Aneel

Política pública para expansão da fonte hídrica

Frente à expansão acelerada das fontes intermitentes é preciso que seja estabelecida uma política pública para contratação da fonte hídrica, como forma de manter a geração firme, não intermitente, com energia renovável e limpa, essencial para assegurar uma matriz elétrica renovável, além de impulsionar a descarbonização e a transição energética no Brasil.

*Charles Lenzi é presidente-executivo da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel)

As opiniões publicadas não refletem necessariamente a opinião da MegaWhat.

Leia também:

– Centrais hidrelétricas: uma história centenária e perspectivas para a transição energética

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