Opinião da Comunidade

Brasil e as energias limpas: uma vantagem competitiva em um mundo em transição

Brasil e as energias limpas: uma vantagem competitiva em um mundo em transição

Por*: Fernanda Delgado

Nos últimos anos, o Brasil consolidou sua posição como uma das nações mais bem preparadas para liderar a transição global para uma economia de baixo carbono. Com uma matriz energética predominantemente renovável, avanços significativos na consolidação do mercado de hidrogênio verde e investimentos crescentes em energia eólica e solar, o país se posiciona como um player estratégico na nova economia mundial.

Ainda que este seja um lugar comum da retórica do setor energético, um novo argumento se soma: nos Estados Unidos, sob um novo governo, observa-se um retrocesso em políticas de incentivo às energias limpas. O aumento dos subsídios aos combustíveis fósseis, a flexibilização de regulações ambientais e o foco em uma agenda voltada para a segurança energética baseada em petróleo e gás natural; indicando um caminho oposto ao adotado por outras economias desenvolvidas. Esse movimento pode gerar impactos globais e, consequentemente, favorecer o Brasil.

Com a crescente demanda por soluções sustentáveis na Europa e na Ásia, o Brasil tem uma oportunidade única de se consolidar como um dos principais fornecedores de energia limpa e de baixo custo, e adicionalmente observar a redução no preço dos equipamentos por conta da ociosidade derivada da quebra da demanda. Empresas internacionais buscam parcerias em países com legislações mais favoráveis à descarbonização, e a infraestrutura brasileira em expansão, aliada ao potencial de crescimento do mercado de hidrogênio verde, coloca o Brasil à frente nessa corrida.

Além disso, ao contrário dos EUA, onde os investimentos em energia limpa podem sofrer desaceleração devido às mudanças políticas na interrupção das políticas do IRA – Inflation Reduction Act, o Brasil segue firme em sua trajetória de expansão do setor. A Lei do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, sancionada recentemente, fortaleceu o ambiente legal para investidores globais interessados em garantir acesso a créditos de carbono e insumos energéticos limpos. Além disso, as discussões dos marcos regulatórios do PHBC e do Rehidro seguem firmes e avançam no poder executivo, o que garantirá os contornos institucionais necessários.

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Em um mundo cada vez mais pressionado por metas ambientais e pela necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o Brasil tem a chance de assumir a liderança na nova economia verde. A atual postura dos EUA reforça a necessidade de diversificação das cadeias de suprimentos energéticos globais e coloca o país como uma alternativa estratégica para aqueles que buscam fontes de energia limpa, seguras e competitivas.

Não se discutem mais as alterações climáticas no futuro. É um problema atual, presente. E para além disso, a transição energética não é apenas uma questão ambiental, mas também um diferencial econômico. E o Brasil está pronto para transformar esse potencial em realidade.

A ABIHV acredita que o fortalecimento do hidrogênio verde no Brasil depende do trabalho conjunto entre governo, empresas e associações comprometidas com a transição energética. Os associados desempenham um papel fundamental na estruturação desse novo mercado, investindo em tecnologia, infraestrutura e inovação para garantir que o país se consolide como um dos principais pólos globais de produção e exportação de H2V e derivados. O compromisso com uma economia de baixo carbono não apenas impulsiona a competitividade do Brasil no cenário internacional, mas também gera desenvolvimento sustentável, empregos qualificados e novas oportunidades de negócios.

*Fernanda Delgado é CEO da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV)

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