Por Osvaldo Conegundes e Caio Tappiz*
Trabalhar com eletricidade para manter o mundo funcionando já é, genuinamente, um desafio para os profissionais do setor que se submetem aos perigos diários como choque elétrico e queimaduras. Se esse cenário já é árduo para quem lida com baixa tensão, há funções ainda mais perigosas, como é o caso de quem atua em áreas com risco de explosão.
Para se ter uma ideia, dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica, da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), apontam que os incêndios representaram 7% (963) do total de acidentes de origem elétrica em 2023, um aumento de 7,3% em comparação a 2022 e o maior registro desde 2019. Destes acidentes, 67 evoluíram a óbito em 2023, um número 21,8% maior que 2022 e o maior desde 2020.
Esses dados indicam um aumento significativo não só nos incêndios de origem elétrica, como também no número de vítimas, o que sugere recorrentes problemas nas instalações elétricas e a negligência quando se trata da prevenção. Nesse sentido, torna-se imprescindível redobrar a atenção no dia a dia e investir em segurança através de EPIs e equipamentos robustos, não apenas para garantir que o profissional chegará em segurança em casa, como também que todo o patrimônio local seja preservado, assim como o meio ambiente.
Atenção redobrada
O grande perigo das áreas com potencial de explosão é que qualquer fagulhamento, aquecimento ou revestimento mal selado pode gerar acidente. Além dos riscos à saúde humana, as explosões de grandes proporções representam um enorme risco ambiental, podendo contaminar os lençóis freáticos e provocar a destruição da fauna e da flora.
Por isso, essas zonas exigem o uso de equipamentos com uma classificação de segurança adequada, que se subdividem em CAT I, CAT II e CAT III. As áreas classificadas com risco de explosão – devido à presença de gases, vapores ou qualquer elemento que misturado ao ar possa resultar em atmosfera explosiva – requerem maior nível de proteção CAT nos instrumentos de medição que serão utilizados pelos profissionais. Ou seja, quanto maior o perigo, maior a classificação de segurança.
A NR 10, Norma Regulamentadora emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, que dispões sobre Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, em seu parágrafo 10.9.2, prevê que os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.
Isso significa que embora no país a expressão “jeitinho brasileiro” tenha se popularizado e, muitas vezes, regido o dia a dia de profissionais da área elétrica, o fato é que cada equipamento foi produzido para uma finalidade, e é fundamental se valer das suas características antes de iniciar um trabalho.
Desta forma, ambientes com risco de explosão exigem o uso de ferramentas com a classificação CAT compatível, que foram desenvolvidos com revestimento reforçado e com menor risco de fagulhamento, garantindo a boa execução da atividade e a segurança pessoal e patrimonial.
Dicas para trabalhar em áreas com risco de explosão
O primeiro passo é ter a consciência de que o trabalho será realizado em uma zona com alto risco de acidente. Isso porque, entender a complexidade, faz com que as empresas e os profissionais redobrem a atenção para as práticas e também para quais ferramentas serão utilizadas, o que é de suma importância para mitigar intercorrências.
Nesse sentido, a busca por uma certificação específica se torna essencial, uma vez que se trata de um trabalho a ser executado em um cenário diferente do habitual. Essa capacitação oferecerá o conhecimento necessário para que as ações realizadas não comprometam o ambiente, bem como a clareza dos EPIs ideais e quais características os profissionais devem avaliar para definir os equipamentos que serão utilizados.
Feito isso, por meio da manutenção preditiva, é possível reunir dados dos testes e criar um modelo estatístico que prevê o momento em que será necessária uma intervenção para reparos no sistema.
Pensando na analogia de um carro, se seu usuário não fizer as revisões necessárias, em algum momento ele irá parar de funcionar. Por outro lado, se forem realizadas todas as manutenções periódicas, as chances de ser surpreendido com problemas é muito menor. Com a parte elétrica não é diferente.
Assim, monitorar continuamente as instalações mitiga os riscos de explosão e assegura um trabalho bem executado, além da preservação de tudo e todos ao redor.
*Osvaldo Conegundes é Gerente de Produtos e Caio Tappiz é Gerente de Vendas, ambos da Fluke do Brasil.
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