
Por:Raphael Ruffato*
O Mercado Cativo, que há décadas dominou a oferta de energia no Brasil, está com os dias contados. À medida que o Mercado Livre de Energia ganha força, é impossível ignorar os benefícios financeiros e ambientais que ele proporciona, tanto para médios e grandes consumidores de energia quanto para as pequenas empresas e famílias que, em breve, terão acesso a esse ambiente mais competitivo e sustentável. O futuro do setor energético já está sendo desenhado, e a transição para o Mercado Livre de Energia parece não ser mais uma questão de “se”, mas de “quando”.
Se deu certo para os grandes, por que não estender para os pequenos consumidores?
Em 2024, o Mercado Livre de Energia gerou uma economia de R$ 55 bilhões para os consumidores que optaram por essa modalidade, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). Esse valor foi resultado de um consumo de 28.386 MW médios, um recorde histórico de demanda no Ambiente de Contratação Livre (ACL).
Esses números não são apenas reflexo de um mercado crescente, mas também uma demonstração clara do poder de escolha do consumidor. Para se ter uma ideia do impacto, desde 2003, o Mercado Livre de Energia já gerou mais de R$ 476 bilhões em economia acumulada para os consumidores que aderiram a esse modelo. Esse valor não é apenas um dado financeiro, mas uma evidência clara de que o Mercado Livre de Energia está revolucionando a forma como consumimos e pagamos pela eletricidade no Brasil. Além disso, representa um uso mais eficiente dos recursos, impulsionando a economia do país. A reflexão que fica é: se essa mudança já beneficiou grandes consumidores, por que não estendê-la também aos pequenos, que representam a maioria da população?
Transição para energias renováveis precisa ocorrer por completo
O que torna o Mercado Livre de Energia ainda mais relevante é o seu impacto positivo no meio ambiente. Em um contexto de mudanças climáticas cada vez mais evidentes, a busca por alternativas de energia limpa é urgente. O Mercado Livre facilita a adoção de fontes renováveis, como a energia solar e eólica, ao permitir que os consumidores escolham fornecedores comprometidos com a sustentabilidade.
A relação entre o Mercado Livre e a sustentabilidade vai além da simples oferta de energia renovável. A digitalização e a transparência proporcionadas por esse modelo tornam possível um mercado mais competitivo, com preços mais baixos e opções mais limpas. E, à medida que a economia global segue em sua corrida contra as mudanças climáticas, o Brasil tem uma grande oportunidade de continuar liderando a transição energética na América Latina, ao abraçar com mais força a energia renovável e a mobilidade elétrica.
De que adianta investir em mobilidade elétrica se o carro é carregado com energia que não vem de fontes renováveis? Da mesma forma, não faz sentido apostar em inteligência artificial e data centers que utilizam alto volume de energia e continuar pagando a conta de luz para uma distribuidora que utiliza uma matriz energética não renovável?
O fim é o futuro inevitável para o Mercado Cativo de Energia
Hoje, o Mercado Livre de Energia é acessível principalmente para médias e grandes consumidores, como indústrias, supermercados e comércios.. No entanto, a verdadeira transformação ocorrerá quando ele se tornar acessível a todos os perfis de consumidores, o que deverá ocorrer em um futuro próximo. Isso vai garantir que até os pequenos negócios e as famílias tenham a oportunidade de escolher seus fornecedores de energia, podendo optar por fontes limpas e, ainda, economizar na conta de luz.
A transição do Mercado Cativo para o Livre não será uma mudança abrupta, mas um movimento natural para um mercado mais competitivo, econômico e sustentável. A democratização do acesso ao Mercado Livre de Energia não é uma utopia. A flexibilização das regras e a simplificação dos processos tornarão a migração para o mercado livre uma realidade cada vez mais próxima para milhões de brasileiros, igualmente como ocorreu em outros paises. Com investimentos contínuos em tecnologia, sustentabilidade e educação, o Mercado Livre de Energia caminha para se tornar o novo padrão de consumo de energia no Brasil. Um mercado acessível, transparente e mais justo, capaz de garantir tanto benefícios financeiros quanto ambientais. Em breve, ser um consumidor do Mercado Livre de Energia será sinônimo de estar na vanguarda de uma revolução energética que já começou, e que promete transformar não apenas o setor de energia, mas a sociedade como um todo.
Portanto, o mercado cativo de comercialização de energia está com os dias contados, e essa mudança representa um avanço significativo para o país. Com isso, as distribuidoras poderão focar no que realmente é seu core business: a distribuição de energia, enquanto a comercialização migra para um ambiente mais dinâmico e competitivo.
Essa transformação é inevitável. A pressão dos consumidores, o surgimento de startups e o avanço das novas tecnologias impulsionam a busca por mais eficiência — independentemente da vontade dos políticos. Basta olhar para outros setores: hoje, podemos abrir uma conta em um banco digital em minutos, pegar carona com um desconhecido ou alugar uma casa em outro país sem nunca tê-lo visitado. O mercado de energia segue essa mesma trajetória de evolução. O futuro já começou!
*Raphael Ruffato é fundador e CEO da Lead Energy
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