A carga de energia no Brasil deve ter um crescimento médio de 3,4% ao ano no próximo decênio, saindo dos 69,9 GW médios previstos para o fim deste ano e chegando a quase 100 GW médios em 2031.
A projeção é da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e faz parte do caderno de demanda do Plano de Desenvolvimento Energético (PDE) 2031. Nesse cenário de referência, o PIB terá crescimento médio de 2,9% ao longo dos próximos 10 anos, e a carga vai atingir 97,2 GW médios ao fim do decênio.
Para atender essa carga, a expansão da matriz deve ser de 27 GW médios, o que equivale a, por exemplo, 50 GW de potência em novas hidrelétricas. O montante é expressivo e equivale a cerca de 3,5 hidrelétricas de Itaipu, considerando as parcelas de energia brasileira e paraguaia.
Esta versão do PDE revisa algumas das projeções feitas pela EPE em 2020, quando os impactos da crise provocada pela pandemia de covid-19 eram ainda mais incertos. Como algumas expectativas foram revisitadas, houve um aumento de cerca de 580 MW médios na carga de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN) em 2030.
A perspectiva para o consumo das residências é de um crescimento médio anual de 3,3% entre 2021 e 2031, atingindo 208 TWh ao fim deste período.
Já a indústria deve ter crescimento médio anual de 3% no consumo até 2031, chegando a 243 TWh. Esse cenário supõe o sucesso na realização de reformas estruturais com ganhos de competitividade para a indústria, com destaque para a retomada da indústria de construção – beneficiada por novos projetos de concessões e investimentos em infraestrutura -, e também os setores de transformação e exportadores de commodities.
Considerando apenas os grandes consumidores industriais, o crescimento médio anual deve ser de 2,5%, atingindo 80 TWh em 2031. A maior parte do consumo deve continuar concentrada no setor de metalurgia, saindo de 34 TWh em 2021 para 47 TWh em 2031.
Para o segmento comercial, a expectativa é de crescimento de 4,2% ao ano até 2031, para 130 TWh. Segundo a EPE, após o forte impacto sentido em 2020, como consequência da pandemia de covid-19, o comércio e as demais classes devem voltar a apresentar protagonismo na evolução do consumo no longo prazo.
O consumo e cargas de referência previstos para 2031 são ancorados nos valores até 2025 previstos na 2ª revisão quadrimestral da carga, publicada em agosto. A EPE também roda cenários mais otimistas e pessimistas.
No cenário superior, a carga vai chegar a 104,1 GW médios, enquanto no inferior ela vai atingir 89,7 GW médios.
No cenário inferior, o PIB terá crescimento médio anual de 1,9% até 2031, enquanto no cenário superior a expansão será de, em média, 3,9% ao ano.