Na abertura da V Conferência Nacional de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas, nesta quarta-feira, 23 de março, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, destacou que o Brasil está construindo um caminho energético seguro e cada vez menos dependente de carbono, mas ponderou que “os combustíveis fósseis, como o gás natural, ainda são necessários e por isso a nossa transição energética não deve ‘abrir mão’ deles.
Albuquerque ainda apresentou os números das pequenas centrais de geração hídrica, que somam uma capacidade instalada de 6,8 GW e representam 3,6% da matriz elétrica brasileira, por meio de 424 PCHs e 733 CGHs. E na expectativa do planejamento, que deverá ter o Plano Decenal de Energia 2031 publicado ainda em março, é alcançar 10 GW nos próximos dez anos no Sistema Interligado Nacional (SIN).
“A fonte hídrica continua como protagonista da matriz elétrica brasileira e continuará mantendo a sua importância, conforme apontado no Plano Decenal, PDE 2031, que passou por consulta pública e será publicado até o fim deste mês”, disse o ministro.
Ainda segundo o ministro de Minas e Energia, a previsão de que 50% da demanda declarada pelas distribuidoras de energia para os leilões de energia nova A-4 e A-5 seja, proveniente de hidrelétricas de até 50 MW, previsto pela lei de privatização da Eletrobras (14.182/2021), traz uma sinalização de longo prazo para investidores.
“As PCHs como fontes renováveis de energia têm diversas vantagens, entre elas e uma das mais importantes, é o fato de induzir consideravelmente os indicadores de desenvolvimento socioeconômicos. Em um cenário que o mundo se une em favor do maior aproveitamento das fontes renováveis é seguro dizer que a tendência de custos menores de energias limpas deve se tornar uma constante, indicando assim, que elas devem continuar se tornando cada vez mais atraentes”.
“A crise não é hídrica, a crise é fóssil”
Durante o evento, Paulo Arbex, presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), afirmou que o Brasil não tem vivido uma crise hídrica e sim uma crise fóssil. Segundo ele, a falta de incentivos para essas usinas tem levado o país ao cenário atual de encarecimento da energia elétrica.
“A crise, na nossa opinião, não é hídrica. O Brasil é a maior potência hídrica do mundo, a crise é fóssil no nosso setor elétrico. São as [energias] fósseis que estão encarecendo a tarifa”, afirmou. A fala aconteceu no painel Modernização do Setor Elétrico Brasileiro.