
A aceleração do crescimento de carga nos próximos cinco anos traz desafios adicionais para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) suprir o atendimento à ponta do consumo. O dilema consta na apresentação do ONS dos resultados do Plano da Operação Energética (PEN 2025) – horizonte 2025-2029, nesta terça-feira, 8 de julho.
“Os resultados deste relatório mostram um aprofundamento do déficit estrutural para atendimento ao requisito de potência e conforme já alertado pelo operador anteriormente, nos fazem recomendar ao Poder Concedente que organize tempestivamente leilões anuais para contratar recursos para aumentar a oferta do atributo potência”, ressaltou Alexandre Zucarato, diretor de Planejamento do ONS.
Segundo Zucarato, o planejamento do período tem três principais desafios: capacidade de “recolher” a geração na metade do período diurno; fazer frente à ponta da carga noturna (entre 19h e 20h), e flexibilidade para atender a rampa da carga de cerca de 60 GW entre 13h e 19h.
As projeções conjunturais do ONS levaram em consideração as termelétricas Merchant, usinas sem contratos que podem ser consideradas na operação caso os empreendedores demonstrem interesse.
Para essas previsões, há déficit de potência para 2025 e 2026 em todos os cenários de sensibilidade levantados pelo operador. Contudo, dois fatos não foram considerados no estudo e que deve apresentar uma melhora conjuntural: o armazenamento dos reservatórios das hidrelétricas na região Sul e 2 GW de termelétricas merchant que já tiveram seus Custos Variáveis Unitários (CVUs) atualizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Tentamos também quantificar se o parque hidráulico é capaz de fazer essa rampa olhando no final do horizonte, acrescentando 1,5 GW e 3 GW de carga no último ano de horizonte, apenas para ter uma referência de trabalho. E o que a gente identifica é que a violação do critério de potência aumenta proporcionalmente ao acréscimo de carga”, disse o diretor de Planejamento do operador.
Para esta hipótese, o estudo considerou que a carga entra de forma constante – 24 horas, sete dias por semana – dentro de todo o horizonte e do último ano do estudo. Dessa forma, para as cargas ultra-eletrointensivas (data centers e hidrogênio) a condição de atendimento vai além da rede de transmissão para o escoamento da energia.
“Também é importante coordenar a expansão dos atributos de atendimento de potência para que essa carga ela seja corretamente atendida no período de ponta”, completou Alexandre Zucarato sobre a necessidade de energia firme e constante para esses segmentos.
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Projeções de carga e demanda até 2029
Para os próximos cinco anos, o operador enxerga uma carga 82.871 MW médios em 2025, chegando a 94.573 MW médios em 2029, levando a uma previsão de crescimento da carga global de 14,1% no horizonte.
A apresentação aponta a continuidade do crescimento de consumo em cenário macroeconômico favorável, principalmente para as classes comercial e residencial, somado a uma alta da demanda interna, o que deve estimular também a elevação das atividades dos serviços e indústrias.
Comparado ao PEN 2024, houve o acréscimo médio de 1,9 GW médios nas projeções de energia, alta de 2,2% frente às projeções anteriores. Os acréscimos mais expressivos ocorrem apenas no final do horizonte, nos anos de 2028 e 2029.
Nesta conjuntura, o ONS já inclui grandes consumidores, como os data centers. O segmento representa um acréscimo de 81 MW médios em 2025, chegando a 574 MW médios em 2029
Já a demanda deve ter uma alta de 15,5%, partindo de 108.131 MW em 2025 para 124.879 MW no final do período.
A projeção considera os efeitos decorrentes da abertura de mercado livre, principalmente nos meses em que a demanda máxima ocorre no período noturno.