Planejamento

El Niño coloca Sul na lista de prioridades do ONS

El Niño coloca Sul na lista de prioridades do ONS

Aproveitando as boas afluências do rio Madeira, o submercado Norte está na lista de prioridades do Operador Nacional do Sistema (ONS) para exportação de recursos para as demais regiões pelo Sistema Interligado Nacional (SIN). No entanto, com a perspectiva da configuração do El Niño, o subsistema Sul passa a integrar a ordem de prioridades na exploração de recursos da operação do sistema.

Segundo Candida Lima, gerente-executiva de Programação da Operação do Operador, a política hoje é de minimizar perdas e armazenar onde é possível. “A nossa ordem de prioridade é aproveitar os excedentes já existentes no Norte, do rio Madeira, e depois devemos explorar o Sul com mais intensidade. Isso deve acontecer em breve”, disse Candida Lima durante reunião do Programa Mensal da Operação (PMO).

Principalmente por conta de uma maior geração hidráulica da bacia do Iguaçu, de 3.149 MW médios, o subsistema registrou 5.937 MW médios de geração em maio, acima dos 5.417 MW médios de abril.

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A consolidação do El Niño, fenômeno em que a atmosfera e oceano atuam em conjunto, e cuja principal característica é o aquecimento ou resfriamento da porção central e equatorial das águas do Oceano Pacífico, devem resultar em chuvas mais intensas na região Sul e altas temperaturas no Nordeste do Brasil.

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Exportação de energia 

Apesar do início do chamado período seco e uma política de preservação dos reservatórios, o ONS deve continuar a exportar o excedente hidrelétrico para a Argentina e o Uruguai, principalmente em momentos de maior geração eólica no balanço da carga diária.

“Vamos monitorar o vertimento porque a perspectiva agora é de redução das afluências, mas, neste período, ainda tem alguma possibilidade dado o balanço da carga e da geração eólica e MMGD [micro e minigeração distribuída].”, disse a gerente do ONS.

O Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) arrecadou R$ 466 milhões com o processo competitivo para Exportação de Vertimento Turbinável para o Uruguai e a Argentina entre janeiro e abril deste ano, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Já na geração térmica, a Argentina parou de importar energia do Brasil em função de condições de temperatura e de queda da carga. Dessa forma, a exportação de geração termelétrica para os países vizinhos passou de 1.076 MW médios em abril para 307 MW médios em maio.

No total, foram despachadas apenas as termelétricas com contratos de inflexibilidade num montante de 4.114 MW médios.

Curva do pato

Com um céu de outono de menos nuvens, o ONS também está debruçado em estudos de sistemas de elevação rápida da carga para evitar a chamada “curva do pato” e buscar flexibilidade operativa para responder a uma “rampa elevada”, explicou Candida Lima.

A curva do pato é o formato atribuído pelo California ISO (Caiso), operador independente do sistema elétrico da Califórnia, à curva gráfica que mostra a carga líquida de energia elétrica resultante da diferença entre demanda total de energia elétrica e a geração fotovoltaica que ocorre durante o dia.

O formato está relacionado à possibilidade de uma grande parcela da carga ser atendida pela geração distribuída na metade do dia, o que reflete, em consequência, na queda da oferta de outras fontes do sistema elétrico, para ser retomada nas horas seguintes.