Seca no Madeira

Eletrobras antecipa instalação de sistemas para evitar paralisação de Jirau e Santo Antônio

Solução permite uma resposta mais rápida e eficiente às variações de carga

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Rio Madeira - Crédito: Marizilda Cruppe do Greenpeace (Divulgação SGB)

A Eletrobras antecipou a energização de um dos dois novos bancos de reatores da subestação coletora Porto Velho para ajudar na manutenção da normalidade do fornecimento de energia nos sistemas Acre-Rondônia.  A ação busca evitar a paralisação das hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, que podem ser impactadas pela seca no Rio Madeira.

Segundo a empresa, a antecipação da operação do equipamento foi tomada em conjunto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em novembro, a Eletrobras espera energizar o segundo reator, que completa as ações planejadas para reduzir os riscos de paralisação das usinas.

Em junho, Jirau realizou a transferência de um reator de barra para a subestação. A instalação é uma solução técnica que permite uma resposta mais rápida e eficiente às variações de carga que podem ocorrer durante a operação conjunta das usinas, pois o reator funciona com um stand by, propiciando ao sistema a segurança necessária para operar e suportar os desafios impostos pela seca sem interrupção do fornecimento.

Outra alternativa para reduzir o risco de paralisação foi a realização de estudos para operação da UHE Jirau com o back-to-back na condição stand alone, sem a UHE Santo Antônio, além das alterações de controle necessárias para que essa operação fosse possível.

A alternativa foi apresentada pelo ONS em uma reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) em agosto. Conforme ata do encontro, em 19 de julho foram concluídos os testes propostos pela Eletrobras para disponibilização da operação do Back-to-Back em stand alone com a UHE Jirau.

A implantação do primeiro reator de barra adicional de 150 Mvar estava prevista para 30 de setembro de 2024, enquanto a instalação do segundo reator de barra adicional de 150 Mvar está prevista para 12 de novembro de 2024. Uma realocação final do reator de 110 Mvar está prevista para 2026.

Segundo a Eletrobras, o sistema Back-to-Back permite a integração de redes que operam em diferentes frequências, garantindo que a energia gerada seja compatível com o sistema de transmissão. Além disso, na condição stand alone, o sistema opera de forma autônoma, sem depender de outras redes, o que oferece maior flexibilidade e confiabilidade na operação.

A independência é apontada pela empresa como importante, principalmente, em estações coletoras, pois elas conectam diversas fontes em áreas mais remotas. Além disso, o Back-to-Back pode facilitar a estabilidade e o controle do fluxo de energia entre a estação e a rede, evitando sobrecargas e interrupções no fornecimento.

“Os desafios impostos pelo cenário hidrológico adverso estão se agravando nos últimos anos, exigindo ações estratégicas da empresa, sempre associadas às orientações e exigências dos órgãos regulatórios. Estamos acelerando os estudos e ações para garantir o abastecimento energético, com prioridade para a segurança operacional, do meio ambiente e das pessoas”, falou o vice-presidente de engenharia de expansão da Eletrobras, Robson Pinheiro Rodrigues de Campos.

Seca no rio Madeira

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez quantitativa dos recursos hídricos no trecho dos rios XinguMadeira Purus, Tapajos e na região hidrográfica do Paraguai. As declarações são válidas até 30 de novembro.

Dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB), divulgados na última semana, indicam que a Bacia do Rio Madeira bateu novo recorde histórico em Porto Velho, Rondônia, e chegou a 25 cm – a marca mais baixa desde o início da série histórica, em 1967.

Segundo as projeções do SGB, não há tendência de recuperação do Rio Madeira para os próximos dias.

“As previsões de chuva só indicam melhorias após o dia 1º de outubro. Até essa chuva chegar à estação de Porto Velho, os níveis podem continuar bem baixos por cerca de 20 dias. Na Bolívia, que é a cabeceira da bacia, as vazões continuam reduzindo”, afirmou Marcus Suassuna, pesquisador em geociências do SGB, Marcus Suassuna.