MinutoMega Talks

‘Esse leilão não é das térmicas, é de flexibilidade’, diz Copel

Diogo Mac Cord no Aquecimento MinutoMega Talks
Diogo Mac Cord no Aquecimento MinutoMega Talks

A Copel, que recentemente renovou outorgas de três de suas 18 hidrelétricas próprias, de um parque que ainda inclui participação em oito hídricas, avalia que a fonte não está tendo a visibilidade adequada, sobretudo no contexto do leilão de reserva de capacidade na forma de potência (LRCAP).

“Esse leilão não é das térmicas, esse leilão é de reserva de capacidade para buscar flexibilidade. Pode ter térmica também, mas a gente está falando de hidráulica, que é o que tem salvado o Brasil nesses últimos anos. Parece que ninguém fala da hidráulica porque é o filho comportado, mas ele também precisa ser lembrado, senão ele vai morrer de fome”, disse o vice-presidente de Estratégia, Novos Negócios e Transformação Digital da Copel, Diogo Mac Cord. Ele participou do Aquecimento MinutoMega Talks, realizado pela MegaWhat nesta quarta-feira, 4 de junho, em Brasília.

Para Mac Cord, as hídricas têm maior capacidade de atendimento com velocidade à rampa da ponta da carga, sobretudo no fim do dia, quando a geração solar cai rapidamente. Entretanto, ele aponta que a variação na geração renovável também encontra suporte na geração hídrica.

Como exemplo, ele menciona a redução de 14 GW num período de três horas na geração eólica no último dia 15 de agosto. “Esse é o tipo de velocidade e imprevisibilidade que vai muito além da rampa que todo dia acontece da saída da solar. O objetivo do leilão é fazer frente a essa nova realidade”, disse. O executivo também indicou que entre 2023 e 2024 as eólicas entregaram menos de 10% de sua potência instalada em 419 oportunidades.

Leilão para a Eneva e a segurança do suprimento

No mesmo painel do Aquecimento MinutoMega Talks, o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Lopes, lembrou que o sistema também precisa do atributo de segurança, que só é atingido com fontes firmes despacháveis.

“As hidrelétricas atendem o requisito de flexibilidade com louvor, [mas para] a questão da segurança você precisa de fonte despachada, que não depende nem do vento, nem do sol, e nem do regime de chuva”, avaliou.

Lopes indicou a sazonalidade da fonte hídrica, com menor geração no período seco, em uma queda relacionada sobretudo às usinas a fio d’água no Norte do Brasil, que não têm reservatório para estocar água durante o período úmido.

“No período úmido, você tem uma entrega típica de até 90 GW [médios]. Quando vai para o período seco, essa entrega cai para algo em torno de 60 [GW médios]. Pode aumentar para ‘60 e pouco’ se aumentar a capacidade instalada de novas máquinas, mas não tem jeito, você vai precisar de um complemento”, avaliou.

Além da sazonalidade das chuvas, Lopes lembrou que a necessidade de complementação de fontes com geração despachável acompanha o crescimento da geração renovável.

Realizado em 4 de junho, em Brasília, o Aquecimento MinutoMega Talks é uma prévia do MinutoMega Talks, um spin off do podcast mais reconhecido do mercado energético. No dia 4 de setembro, Camila Maia e Natália Bezutti entrevistarão autoridades e CEOs em São Paulo.