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N5X prevê aval para atuar como clearing em 2026

Nova bolsa de energia, que já opera com a Boleta N5X, espera lançar tela para registros de ofertas no ano que vem

Dri Barbosa, presidente da N5X, no MinutoMega Talks
Dri Barbosa, presidente da N5X, no MinutoMega Talks | MegaWhat

A N5X, parceria da B3 com a European Energy Exchange (EEX) , está avançada no cronograma para oferecer mais segurança e liquidez na comercialização de energia. A presidente da N5X, Dri Barbosa, disse que a bolsa já está em negociações com bancos para atuarem como membros de compensação (clearing members) da plataforma, o que vai permitir que a bolsa comece a funcionar assim que receber o aval regulatório necessário para ser uma contraparte central em negociações de energia.

Durante o MinutoMega Talks, realizado nesta segunda-feira, 25 de novembro, Dri Barbosa explicou que todos os agentes no ambiente da bolsa precisarão estar atrelados a um membro de compensação, que será responsável por fazer a gestão dos seus colaterais.

“Quando a gente traz contraparte central, a gente adiciona um novo participante nesse cenário, que é o clearing member, o membro de compensação. A B3 hoje tem cerca de 80 membros de compensação, e o Nodal, por exemplo, que é o braço da EEX que opera nos Estados Unidos, tem cerca de 20. A N5X tem que ter esses membros de compensação já integrados com a gente”, disse a executiva, mencionando os sócios da N5X: a European Energy Exchange (EEX), parte do Deutsche Börse Group, e a L4 Venture Builder, fundo independente apoiado pela B3.

Segundo Dri Barbosa, a N5X já está fazendo alinhamentos com instituições financeiras que serão membros de compensação da bolsa, para que o lançamento em 2026 ocorra de forma integral. “Quando a gente lança a clearing em 2026, não é só para a gente ter o marco regulatório, mas estar pronto para operar”, disse. A autorização para atuar como contraparte central depende do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regulamenta o mercado de capitais no Brasil.

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Até lá, o mercado pode esperar o lançamento da tela da N5X, em 2025, com novas interfaces de negociação. “O mercado nos pede agilidade em lançar a tela para eles poderem colocar ‘bids and asks’ [jargão financeiro para demandas e ofertas]. E todo esse arcabouço de negociação e registro para o mercado físico também vai ser válido para quando entrar em 2026 contraparte central”, adiantou.

Desafios e aprendizados na padronização de processos

A empresa iniciou este ano o recebimento de cadastro de empresas interessadas em usar a plataforma e começou a operar em junho a Boleta N5X, que se propõe a oferecer maior segurança e eficiência às transações bilaterais por meio de um contrato padronizado.

Segundo Dri Barbosa, o lançamento do produto mobilizou esforços do mercado para garantir conectividade entre os sistemas da N5X e o back-office das empresas, para possibilitar a aprovação do contrato-padrão.

O exercício demonstrou que é preciso mapear corretamente os processos dos agentes. “A gente subiu a barra, trouxe mais segurança jurídica. E a gente vê que existe um tempo: por mais que seja prioridade da empresa, ela tem que colocar em uma fila de TI, ela tem que colocar em uma fila do jurídico”, avaliou.

Por isso, a empresa avança com atenção aos processos para garantir que o lançamento do clearing em 2026 ocorra conforme o planejado. “A gente precisa garantir a construção das bases de uma maneira sólida e assertiva”, diz ela.

Segundo Dri Barbosa, a N5X mira aumentar em “dez vezes ou mais” a liquidez do mercado livre de energia, e avalia que isto será possível com maior segurança no mercado por meio de padronização de contratos e centralização de gestão de contrapartes. Estudando a experiência internacional, a N5X identificou que, em mercados como Itália e Espanha, o clearing ganhou maior importância à medida em que grandes agentes passaram a exigir garantias mais robustas, o que aumentou os custos.

“Você começa a ter um problema de que é muito caro ter colateral bilateral. E passa a fazer sentido ter colateral de uma maneira centralizada. Um modelo único que você veja o portfólio como um todo e que você consiga ter ali uma gestão de colaterais centralizada”, explicou.

Negociação caiu a 10% da média anterior

Ao comentar sobre as garantias exigidas no mercado, Dri Barbosa também falou sobre o comportamento dos agentes diante da exposição de comercializadoras depois da alta volatilidade nos preços de energia. Segundo ela, na comparação da liquidez atual com a dos meses anteriores a negociação é de cerca de 10% do que vinha acontecendo. Na avaliação da executiva, o represamento imediato é esperado em situações como essa, com gradual retorno das negociações aos níveis anteriores.

Entretanto, os critérios de risco, crédito tendem a voltar em patamares mais rigorosos. “O que a gente está vendo é a abertura de mercado, se a gente está falando que é um giro em cima do volume do mercado livre com a abertura do mercado, esse volume total é muito maior”, avaliou.