Representantes das principais associações do setor elétrico brasileiro deram boas vindas ao senador Alexandre Silveira (PSD-MG), indicado ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva como ministro de Minas e Energia, e destacaram os desafios que o novo mandatário da pasta vai enfrentar, incluindo a necessidade de modernização do setor, como a abertura do mercado livre para consumidores de baixa tensão, e o combate aos subsídios e aos desequilíbrios na tarifa de energia.
O presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase, entidade que reúne 27 associações setoriais), Mário Menel, destacou os “tempos difíceis” que o setor terá pela frente. “O novo Ministério de Minas e Energia terá como grande desafio tornar as tarifas e os preços de energia elétrica pagáveis pela sociedade brasileira”, disse Menel.
As entidades também destacaram o perfil político do novo ministro, e expressaram o desejo de que ele componha uma equipe técnica com conhecimento para conduzir as pautas estratégicas do setor. Alexei Vivan, presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), expressou preocupação com a falta de conhecimento técnico do novo ministro. Para Rodrigo Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel), é importante que Silveira forme uma equipe “estritamente técnica”, com profissionais experientes e capacidade de diálogo.
Confira o que disseram os líderes de algumas das principais associações:
Alexei Vivan, presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE)
“A indicação confirma a estratégia do presidente eleito de compor sua base parlamentar. Verificamos que a grande maioria dos ministros que estão sendo indicados são políticos de carreira. Isso traz certa preocupação, por conta de questões sérias e importantes que precisam ser definidas e conduzidas. Queremos acreditar que a habilidade política desses ministros e a composição de uma equipe técnica e qualificada por eles possa superar as preocupações sobre a ausência de um domínio técnico sobre os temas”.
Augusto Salomon, presidente executivo da Abegás (Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado)
“O nome do senador Alexandre Silveira é uma ótima escolha para a liderança do Ministério de Minas e Energia no novo governo. Em seu mandato como senador, Silveira tem demonstrado uma visão equilibrada sobre os desafios do setor energético. No MME, Silveira certamente terá todas as condições para realizar um excelente trabalho, orientando o setor de petróleo e gás natural com políticas e medidas que sejam capazes de ampliar sua oferta nacional e desenvolver mais infraestrutura, de modo a aproveitar as vantagens comparativas do Brasil como produtor de gás natural, aproveitando todas as potencialidades do setor para garantir a segurança energética do País e gerar empregos e renda.”
Élbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica)
“Com um sólido histórico político e de grande capacidade de diálogo, esperamos construir com o novo Ministro uma relação baseada em comunicação técnica, confiança mútua e com o objetivo comum de modernizar o setor elétrico para que ele possa atuar cada vez mais como uma importante ferramenta para enfrentar a emergência climática. Acreditamos fundamentalmente na importância de trabalhar com muito diálogo entre todos os agentes (órgãos do setor, consumidores e com a sociedade em geral) para construir as melhores soluções para o interesse público e é desta forma que seguirmos atuando com o novo Ministério. Temos grandes planos considerando as perspectivas otimistas das indústrias do hidrogênio verde e das eólicas offshore, que abrem um caminho muito promissor para o país e estamos muito confiantes no futuro. Esperamos construir junto com o novo Ministro um cenário de atração de investimentos, seguindo os princípios da segurança jurídica e estabilidade regulatória.”
Guilherme Velho, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine)
“O senador Alexandre Silveira tem desempenhado um papel importante tanto na Câmara dos Deputados, quanto mais recentemente no Senado Federal, além de já ter ocupado cargos relevantes na administração pública em Minas Gerais e na área federal. Sua experiência administrativa e comprovada habilidade política serão muito importantes para a gestão do Ministerio de Minas e Energia e estamos certos de que terá êxito no enfrentamento dos muitos desafios atualmente existentes no setor elétrico brasileiro.”
Marcelo Moraes, presidente do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (Fmase)
“Eu, particularmente, acho que ministro precisa ter viés político para lidar com a relação com Congresso, com outras pastas e também com a presidência. E deve ser bem assessorado. Minas Gerais tem excelentes representantes do setor e esperamos que ele opte por um secretário-execuutivo mais voltado para nosso setor, que é importante. Petróleo e gás também é, mas historicamente os secretários-executivos têm relação mais forte com o setor elétrico. Vamos esperar o anúncio da equipe, mas enxergamos com bons olhos”.
Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee)
“O setor elétrico passa por transformações muito importantes. Um dos grandes desafios é o fato de que alguns segmentos são beneficiados em detrimento de outros, que têm custos mais elevados. Daí, temos uma energia cada vez mais barata na geração, mas que chega mais cara aos consumidores. Esse é um desafio importante que precisa ser verificado. Nos colocamos a disposição do novo ministro para continuar discutindo assuntos importantes e encontrar segurança na infraestrutura”.
Mário Menel, presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase) e da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape)
“O novo Ministério de Minas e Energia terá como grande desafio tornar as tarifas e os preços de energia elétrica pagáveis pela sociedade brasileira, sem aumentar a quantidade de baixa renda, de subsídios, não permitindo que a indústria brasileira deixe de ser competitiva por falta de uma tarifa e preço adequado na energia elétrica. Como se chega nisso? É o grande desafio que terá o ministro. Para atingir o objetivo, é importante melhorar a governança do setor elétrico, com preocupação na melhor alocação de custos, revisar encargos e tributos, e finalmente partir para a modernização do setor elétrico, que englobaria tudo isso. Se ele conseguir fazer isso no início, vai sobrar tempo e tranquilidade para desenvolver um setor elétrico mais condizente com a realidade que o Brasil precisa”.
Rodrigo Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel)
“O senador Alexandre Silveira é um político experiente, com grande vivência na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e também no Executivo, já que ocupou diversos postos relevantes em Minas Gerais e no governo federal. É importante também perceber que o Ministério de Minas e Energia, após a capitalização da Eletrobras, tem sua área de Influência mais concentrada nas regiões Sul e Sudeste, portanto, um Ministro do Sudeste, mineiro, faz muito sentido. Esperamos que o senador Silveira dê continuidade ao processo de modernização do setor elétrico e que tenha foco nos interesses do consumidor, na racionalidade e na correta alocação de custos e benefícios do setor”, afirmou.
Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar)
“A nomeação abre uma grande possibilidade para o Brasil avançar no desenvolvimento social, econômico e ambiental por meio da fonte solar, já que o novo comandante da pasta é originário do estado pioneiro em políticas públicas para a tecnologia fotovoltaica e líder em sistemas de energia solar, tanto na geração centralizada de grandes usinas quanto na distribuída em telhados e pequenos terrenos, que fez de Minas Gerais a maior geradora de empregos e de arrecadação pública na área no País. Assim, a Absolar, que representa toda a cadeia de valor do setor de energia solar no Brasil, vê com bons olhos o anúncio de Silveira no comando deste importante ministério. O anúncio também sinaliza uma oportunidade para avançar na política de desenvolvimento industrial do hidrogênio verde (H2V), que poderá gerar milhares de novos empregos e consolidar o Brasil como protagonista mundial na descarbonização do planeta, bem como para diversificar a matriz e garantir maior segurança energética a partir da fonte solar, mais competitiva e abundante do País”.
Associação Brasileira do Biogás (Abiogás)
“A Abiogás entende que há questões essenciais que o novo ministro terá que lidar à frente de um setor tão estratégico para o país. Pontos como neutralidade tecnológica nos leilões, reconhecimento dos atributos sistêmicos e ambientais das fontes, implementação de políticas públicas para interiorização e universalização do gás através do biometano, principalmente para substituição do diesel no transporte pesado, além da questão tributária com o reconhecimento dos benefícios econômicos, ambientais e sociais dos biocombustíveis.”
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