Política

Governo espera assinar MP da reforma em 28 de maio

Assinatura tem sido adiada por questões de agenda, enquanto lobbies agem nos bastidores para influenciar rumos da reforma proposta.

Presidente Lula e Ministro Alexandre Silveira - Rússia (09/05/2025) - Foto Ricardo Stuckert
Segundo o ministro Alexandre Silveira, o presidente Lula aprovou a MP da reforma do setor antes de embarcar para a viagem internacional, mas eventos de assinatura têm sido postergados.

O Ministério de Minas e Energia (MME) ainda não bateu martelo sobre a data de assinatura da Medida Provisória (MP) com a reforma do setor elétrico. A previsão mais recente é que aconteça no dia 28 de maio, às 11h.

Antes de embarcar numa viagem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a China, o ministro Alexandre Silveira chegou a dizer que a MP estava aprovada e seria divulgada assim que a comitiva presidencial retornasse ao Brasil. Na semana passada, um evento previsto para o dia 15 foi cancelado, com a justificativa de que Lula iria ao funeral do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.

No fim da semana passado, havia expectativa de que a assinatura da MP aconteceria no dia 21 de maio, mas o prazo não se confirmou.

Oficialmente, o evento ainda não aconteceu por questão de agenda e definição da estratégia de divulgação do seu teor, mas fontes ouvidas pela MegaWhat apontam que ainda há tentativas de interferência no teor da MP.

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Grupos ligados aos grandes consumidores e aos geradores renováveis tentam adiar ou minimizar as mudanças nas regras de autoprodução e para o fim do desconto pelo uso da rede para consumidores de fontes incentivadas.

Reforma do setor e a ameaça dos jabutis

Além disso, pesa na equação a ameaça de derrubada dos vetos da Lei 15.097, conhecida como marco legal da eólica offshore. Em 27 de maio, um dia antes da provável assinatura da MP, o Congresso deve analisar uma série de vetos do executivo em algumas leis, incluindo a da eólica offshore.

O intuito original do projeto de lei era criar um marco legal para viabilizar a indústria de geração eólica offshore no país, mas sua tramitação recebeu uma série de emendas não relacionadas ao tema, por isso apelidadas de jabutis.

As emendas mais polêmicas alteraram a Lei 14.182, que criou a obrigação da contratação de 8 GW em termelétricas e 2 GW em PCHs. A versão da lei da eólica offshore aprovada pelo Congresso reduziu as termelétricas a 4,25 GW, mas criou instrumentos que permitem um preço de gás mais alto, eliminando um entrave que tinha impedido que esses projetos fossem viabilizados. Além disso, ampliou a contratação das PCHs a 4,9 GW, por meio de leilões de reserva.

Outra emenda também vetada garantiu a renovação dos contratos das termelétricas Candiota II, da Âmbar, e Figueira, da Electra, até 2050.

No fim de abril, o Ministério de Minas e Energia foi informado que já havia votos suficientes para derrubar os vetos. Segundo cálculos da PSR, esse cenário representaria um custo adicional de cerca de R$ 25 bilhões, com impacto de 9% na conta de luz.

Como a imposição de novos custos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) diverge do objetivo da MP, que visa reduzir os subsídios pagos pelos consumidores, surgiu a possibilidade de alguns desses jabutis serem incorporados na MP, como a questão do carvão e das PCHs. O gás, parte mais onerosa dos jabutis, ficaria de fora.