O Brasil precisará de novas formas de resiliência para garantir o fornecimento de energia, como os sistemas de armazenamento de energia em baterias e as usinas hidrelétricas reversíveis (UHR), e a neutralidade das emissões. Segundo estudo da consultoria Aurora Energy, a falta de uma estrutura regulatória para esses sistemas pode elevar as emissões de carbono do setor elétrico em 54% entre 2024 e 2060, chegando a 7,7 gramas de CO₂/kWh.
“[Entretanto], investimentos nessas tecnologias não são financeiramente atraentes, pois as usinas não são compensadas por fornecer serviços ancilares. Além disso, faltam mecanismos governamentais para ajudar os investidores a gerenciar os altos custos de desenvolvimento e importação dessas tecnologias”, avalia a Aurora.
O cenário avaliado pela entidade considera o crescimento da geração solar fotovoltaica e da eólica no período, alinhada ao aumento limitado das hidrelétricas, em decorrência das restrições de vias fluviais e preocupações ambientais. Diante desse contexto, o Sistema Interligado Nacional (SIN) pode demandar um despacho maior de térmicas para atender ao crescimento da demanda e os consumidores do ambiente de contratação livre, garantindo a segurança de suprimento energético durante período de baixa geração renovável.
No relatório, a Aurora destaca que as regulamentações atuais criam incertezas no Brasil, especialmente em relação a tarifas e licenciamento, já que os sistemas de armazenamento “têm papéis duplos no consumo e na geração”, o que pode prejudicar investimento em projetos de armazenamento, “limitando sua contribuição para a redução de emissões de carbono e a estabilidade da rede”.
Para a consultoria, apesar do governo promover um leilão de reserva de capacidade neste ano com possibilidade de expansão para as hidrelétricas existentes, é esperada uma maior expansão das térmicas.
“As térmicas têm um papel importante ao proporcionar flexibilidade e segurança de abastecimento, mas sem regulamentação e sem uma estrutura de mercado que incentive soluções livres de carbono, como hidrelétricas e sistemas de armazenamento, o Brasil corre o risco de atingir emissões de carbono mais altas até 2047 do que as da Grã-Bretanha, divergindo do caminho da Europa para o Net Zero”, conclui Inês Gaspar, gerente de produto da Aurora Energy Research.
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